No meio da multidão de manifestantes, e dos muitos cartazes com frases garrafais que saltavam à vista, fomos interpelados por uma questão singela escrita num cartão com fundo amarelo: “Casa: privilégio ou um direito?”
Quem empunhava esse cartão era Daniela Duarte, uma enfermeira, de 38 anos, que todos os invernos é obrigada a mudar-se do seu quarto para a sala, porque a divisão onde é suposto dormir fica totalmente inutilizada, tomada pelo bolor e infiltrações. O frio invade-lhe a casa, que tem janelas velhas de madeira e muito fraco isolamento térmico. É uma casa portuguesa, concerteza.
A solução são os vários aquecedores ligados e o reforço de roupa quando está em casa. “Nem ouso queixar-me ao senhorio para que faça obras, porque temo que me suba a renda ao ponto de não conseguir pagar ou que me ponha fora e não tenha para onde ir. Aguento-me a viver numa casa que não tem condições de conforto. Mas sinto-me uma privilegiada, porque há quem não tenha onde morar.”, deixa o desabafo e prossegue no percurso.
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