“Os portugueses têm grande capacidade adaptativa: vestimos duas camisolas, casaco, gorro e luvas antes de ligar o aquecimento em casa”

Diz que ninguém fala consigo de pobreza energética durante o verão, mas que o tema deveria ser uma preocupação o ano todo. Porquê?
O problema da pobreza energética, há quase 30 anos, derivava do frio. E, claro, quando se começa a investigar e a procurar políticas, e quando se vai ver o que acontecia noutros países, estava muito relacionado com os invernos. No entanto, na evolução do conhecimento e olhando para o clima de todos os países europeus, especialmente os do sul da Europa, todos têm problemas potenciais no verão.

A pobreza energética está muito relacionada com a qualidade dos edifícios, portanto, não muda do verão para o inverno. É a falta de isolamento, a má qualidade de construção, o problema das humidades, odores e infiltrações, as janelas… Depois, o rendimento das famílias é igualmente estrutural e o custo com a energia também não tem esta temporalidade de transformação de uma estação para outra altura.

A pobreza energética tem uma dupla dimensão. No inverno tem um impacto mais direto nas pessoas porque há frio, estamos em casa e está muito ligado à noite. Temos que ter alguma alternativa em casa para nos aquecermos. No verão, com mais calor, vamos para a praia, a rua, um centro comercial… Além disso, o calor é mais forte durante o dia. Temos estão distinção, mas estamos igualmente vulneráveis.