O ministro da Administração Interna esteve na tarde desta quarta-feira reunido com o comando da Polícia de Segurança Pública para analisar o atual momento da corporação. Os protestos têm-se multiplicado e há indícios de sabotagem nas viaturas policiais. Só em Lisboa, a avaria dos veículos policiais atinge já a meia centena.
Logo após a reunião com José Luís Carneiro, o Comando Metropolitano de Lisboa emitiu uma circular sobre a paragem de viaturas, endurecendo a sua posição.
No documento a que o Expresso teve acesso, e que foi dirigido a “todos os comandos de esquadra e adjuntos” é ordenado por “determinação superior que a entrega e recebimento de viaturas deverá ser feita pelo graduado de serviço”. Nos períodos de “paragem”, prossegue o comandante, “as viaturas ficam fechadas e a chave à guarda do graduado até ao turno seguinte”.
Esclarece, ainda, que “se a viatura estava apta a circular num determinado turno, também deve estar no seguinte”, logo, o último agente a conduzir o carro poderá ser responsabilizado. O comando da PSP assume ainda a verificação das viaturas “por mecânicos que facilmente detetam a veracidade, ou não, das anomalias” e cuja avaliação técnica "deverá ser transmitida aos condutores”. Em caso de falsidade, sabotagem ou falsas avarias, o comando promete “a instauração de um processo disciplinar para apuramento de responsabilidades”.
Barros Correia, diretor nacional da PSP, dirigiu-se a todo o pessoal da PSP para avisar que “neste protesto, não vale tudo”. O diretor nacional mantém-se ao lado dos polícias, como afirmou ontem em Lamego, e assume a “justeza” dos protestos por melhores salariais. E de novo voltou a apelar ao “bom senso, inteligência e cumprimento da Constituição e da lei”, garantindo agir disciplinarmente contra todos os que “ponham em causa o cumprimento da missão de segurança pública”.
Na reação, os agentes da PSP do Comando Metropolitano de Lisboa assumem que esta “é uma forma de condicionar as pessoas, com pressão”. E, recordam, “não verificaram as viaturas durante meses e vão fazê-lo agora, só revela negligência do Comando Metropolitano de Lisboa”. A ordem foi depois estendida a todos os departamentos operacionais da PSP, no país e ilhas, e recebida como “uma tentativa de acabar com os protestos”, adiantou um comissário.
O Diretor Nacional pediu “bom senso nas diferentes iniciativas” para que a PSP “não perca credibilidade, nem o respeito dos cidadãos”. No Porto, a ordem foi recebida como “um condicionamento, parece que de um momento para o outro já vão verificar todas as viaturas”.
Novos episódios de má disposição, agora no jogo Benfica-Braga
Tal como ontem, 10 polícias do dispositivo de segurança para o jogo Benfica Braga, apresentaram sintomas de cansaço e foram encaminhados para a área médica do Estádio da Luz, pouco depois do começo do desafio. Estes elementos, da Unidade Especial de Polícia, foram afastados do dispositivo de reserva.
No jogo de ontem, entre Sporting e Tondela, a Unidade Especial de Polícia saiu do estádio logo após o jogo terminar e 16 agentes alegaram “cansaço” e foram assistidos nos serviços médicos do Estádio de Alvalade. Nos outros jogos desta noite, Marítimo-Leiria, Gil Vicente-Amarante e Vizela-Arouca, não há relato de problemas.
O protesto dos polícias surge depois de o Ministério da Justiça ter atribuído um subsídio especial à Polícia Judiciária, que a PSP e GNR também reclamam.
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