Sociedade

Pobreza aumentou em 2022 e abrange 17% da população: 1,78 milhões de pessoas vivem com menos de €591 por mês

Pobreza aumentou em 2022 e abrange 17% da população: 1,78 milhões de pessoas vivem com menos de €591 por mês
ANA BAIÃO

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o aumento da pobreza abrangeu todos os grupos etários, mais em particular as mulheres e os desempregados. Num ano muito marcado pela inflação e a crise na habitação, também as desigualdades de rendimentos cresceram entre os portugueses

Pobreza aumentou em 2022 e abrange 17% da população: 1,78 milhões de pessoas vivem com menos de €591 por mês

Sofia Miguel Rosa

Jornalista infográfica

A taxa de risco de pobreza aumentou em 2022 para 17%. É essa a percentagem da população que vivia abaixo da linha de pobreza no ano passado, ou seja, com menos de 591 euros por mês, mostram os dados divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

São 1,78 milhões de pessoas, mais 81 mil do que no ano anterior. Em 2021, contabilizaram-se 1,69 milhões de pessoas em situação de pobreza, quando a taxa era de 16,4%. Nessa altura, os dados traduziam uma recuperação face ao aumento verificado durante a pandemia. Contudo, em 2022, um ano marcado pela subida de preços e pela crise na habitação, a realidade voltou a agravar-se.

Taxa de risco de pobreza em Portugal


Os indicadores do INE agora divulgados mostram também que este aumento da pobreza em 2022 abrangeu todos os grupos etários, “embora de forma mais significativa” as crianças e jovens com menos de 18 anos. Aumentou mais entre as mulheres (de 16,8% em 2021 para 17,7% em 2022) do que entre os homens (15,9% para 16,2%).

Pobreza por faixa etária


Quanto à caracterização da população pobre pelo nível de habilitações, conclui-se que mais de um quinto (22,7%) da população portuguesa que só tem o ensino básico vive em situação de pobreza. Essa percentagem é bem superior à da população com ensino secundário (13,5%) e ensino superior (5,8%).

No que diz respeito aos trabalhadores, não há grandes diferenças: 10% das pessoas que trabalhavam em 2022 eram pobres (10,3% em 2021).

Outro dos indicadores estudados pelo INE é o da taxa de intensidade da pobreza, que permite avaliar em que medida o rendimento das pessoas pobres se aproxima ou se afasta do limiar de pobreza. É um indicador da insuficiência de recursos da população em risco de pobreza, que traduz um claro agravamento. Em 2022, a taxa de intensidade da pobreza ascendeu a 25,6%, mais do que no ano anterior (21,7%).

É ainda de realçar um aumento das desigualdades na distribuição dos rendimentos no ano passado, “principalmente comparando os 10% da população com maiores recursos e os 10% da população com menores recursos”.

Pobreza e exclusão social

Para fazer comparações europeias, e no âmbito da estratégia Europa 2030, existe um conjunto de outros indicadores, como o risco de pobreza ou exclusão social, que além de incluir as pessoas que vivem com um valor mensal abaixo da linha de pobreza contam ainda com outras que possam até ter um rendimento ligeiramente superior mas vivam em condições de privação material ou com uma intensidade laboral muito reduzida.

Nesse caso, contabilizam-se 2,1 milhões de pessoas nessa situação (20,1%), a mesma percentagem do ano anterior. “O risco de pobreza ou exclusão social diminuiu em quase todas as regiões NUTS II, com exceção da Região Autónoma dos Açores, onde aumentou 1,1 p.p. em relação ao ano anterior, e da Área Metropolitana de Lisboa, onde aumentou 3,8 p.p.”

De acordo com os resultados mais recentes para a UE-27, a taxa de risco de pobreza ou exclusão social em Portugal situava-se abaixo da média europeia (21,6%). “A proporção nacional é inferior ao observado em Espanha, Itália e Grécia; contudo, é superior em relação ao registado para a Croácia”, conclui o INE.

em atualização

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