Um dia após a revista americana Artforum ter despedido o seu principal editor, David Velasco, por causa de uma carta aberta que publicou sobre a guerra Israel-Hamas, outro editor demitiu-se e vários artistas proeminentes disseram que boicotariam a publicação a menos que Velasco fosse reintegrado.
De acordo com o “New York Times”, as divisões sobre como discutir o conflito no Médio Oriente desgastaram as relações de anos entre colecionadores e artistas. Na sexta-feira, as artistas Nicole Eisenman e Nan Goldin criticaram o dono da revista por demitir Velasco, que foi seu editor-chefe por seis anos, e que trabalhava nesta revista há 18, e disseram que não trabalhariam mais com a “Artforum”.
“Nunca vivi um período tão assustador”, afirmou Goldin, uma das mais célebres fotógrafas vivas que assinou a carta aberta onde pedia a libertação palestiniana e um cessar-fogo. “As pessoas estão na lista negra. As pessoas estão perdendo seus empregos.”
Quase 50 funcionários e colaboradores da Artforum assinaram uma carta diferente exigindo que Velasco fosse reintegrado, dizendo que a sua demissão “não só traz implicações assustadoras para a independência editorial da ‘Artforum’, mas desafirma a própria missão da revista: fornecer um fórum para múltiplas perspectivas e debate cultural. ”
Sobre isto houve uma reação negativa entre alguns leitores depois de a revista ter publicado uma carta aberta, a 19 de outubro, que inicialmente não mencionava o ataque do Hamas que matou mais de 1400 israelitas.
Uma vaga de cartas dos leitores denunciou os milhares de artistas e trabalhadores culturais, incluindo Velasco, que assinaram a carta. “Apoiamos a libertação palestiniana e apelamos ao fim da matança e dos danos a todos os civis, a um cessar-fogo imediato, à passagem de ajuda humanitária para Gaza e ao fim da cumplicidade dos nossos órgãos de governo em graves violações dos direitos humanos e crimes de guerra. ” podia ler-se na carta.
Os galeristas instaram as pessoas a retirarem os seus nomes da carta, e vários colecionadores pediram ao Wexner Center for the Arts, da Universidade Estatal de Ohio, que encerrasse uma exposição de Jumana Manna, uma artista palestiniana que assinou a carta aberta.
A “Artforum” distanciou-se da dita carta aberta após receber pressão dos anunciantes. Os editores da revista divulgaram posteriormente um comunicado afirmando que a postagem “não era consistente com o processo editorial da Artforum”, acrescentando que foi “amplamente mal interpretada como uma declaração da revista sobre circunstâncias geopolíticas altamente sensíveis e complexas”.
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