Sociedade

Unanimidade no executivo da Câmara do Porto: Stop deve ser prioridade

Banda numa sala de ensaios do Centro Comercial STOP, em novembro de 2022
Banda numa sala de ensaios do Centro Comercial STOP, em novembro de 2022
Fernando Veludo

O empenho da autarquia em garantir o funcionamento do Stop é algo que "une todos" os partidos, diz Rui Moreira

O executivo da Câmara do Porto foi hoje unânime em concordar que o município deve assumir como prioridade a manutenção do centro comercial Stop como um "polo cultural", depois de na terça-feira terem sido encerradas 105 lojas.

A manutenção do centro comercial Stop como "um polo cultural" era uma das cinco recomendações que integrava a proposta apresentada hoje pelo BE e a única que reuniu o consenso de todas as forças políticas.

À margem da reunião, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou que, apesar da discordância quanto à forma como foram seladas as lojas, o empenho da autarquia em garantir o funcionamento do Stop é algo que "une todos" os partidos.

Escola Pires de Lima não será apenas para os músicos

Rui Moreira reafirmou a disponibilidade em realojar os músicos na escola Pires de Lima, esclarecendo, no entanto, que uma parte das instalações será ocupada pela associação Norte Vida e que o ginásio acomodará os “periódicos” da Biblioteca Municipal.

"Há um espaço sobrante que pretendemos que de alguma maneira seja um espaço de 'coworking' para músicos, que pode funcionar em conjugação com o Stop e que será gerido pelos Amigos do Coliseu, mediante conversas que já foram tidas com o Miguel Guedes [presidente da associação]", referiu.

O autarca independente, que às 16:30 se reúne com a administração do condomínio do Stop, disse ainda que o Ministério da Cultura manifestou disponibilidade para declarar a utilidade pública do edifício.

Também aos jornalistas, a vereadora do PS Maria João Castro salientou que cabe ao município a defesa dos músicos, bem como do próprio edifício, ainda que reconhecendo que as condições do espaço "são preocupantes”.

"Há bastante tempo que sabemos que o Stop não tem condições de segurança no que respeita a incêndios e instalações elétricas, portanto, temos de assegurar que isso não aconteça", salientou, reafirmando que a atuação da Polícia Municipal "não foi a mais adequada", mas que “felizmente [a Câmara do Porto] voltou atrás” na decisão.

Há informações que faltam, diz CDU

Também o vereador do BE, Sérgio Aires, afirmou que “ficou provado” que “não havia necessidade” da Polícia Municipal ter encerrado as lojas.

“Quando [Rui Moreira] alterou a sua posição demonstrou que era possível fazer as coisas de outra maneira”, defendeu, criticando que “não foram medidas as consequências” daquela ação e que os artistas e lojistas deveriam ser ressarcidos pelos custos que tiveram com a retirada dos equipamentos.

Pela CDU, o vereador Vitor Vieira destacou que "finalmente começa a abrir-se uma janela de diálogo" com os músicos, apesar da "falta de informação concreta" das razões que levaram ao encerramento das lojas.

"O que é que foi exatamente invocado para se fazer aquele espetáculo de encerramento? Foi a falta de licenciamento dos espaços, mas depois falava-se do risco de incêndio e depois do ruído. É um conjunto de informações que nos falta", observou.

“Era o que tinha de ser feito”, diz PSD

Já o vereador do PSD Alberto Machado disse concordar com o encerramento levado a cabo pela Polícia Municipal, tendo em conta a falta de condições de segurança do edifício.

"A partir do momento em que há um relatório dos serviços e um parecer dos bombeiros a determinar nesse sentido, era o que tinha de ser feito", referiu, defendendo ser preciso agora acautelar o futuro dos músicos.

Disse ainda que, para o PSD, a escola Pires de Lima é uma alternativa "que faz sentido para manter o ecossistema cultural".

O encerramento na terça-feira de mais de uma centena de lojas do Stop levou os músicos e lojistas a convocarem uma manifestação para hoje em frente à Câmara Municipal do Porto.

Pelas 19:30, os manifestantes deverão partir numa marcha até ao centro comercial Stop.


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