Sociedade

Mattoso por Marcelo, Costa e Santos Silva: Morreu "um dos grandes sábios portugueses"

Mattoso por Marcelo, Costa e Santos Silva: Morreu "um dos grandes sábios portugueses"
António Pedro Ferreira

O Presidente da República considera José Mattoso, que morreu este sábado aos 90 anos, “um dos maiores historiadores” portugueses. António Costa chama-lhe “referência maior da cultura”. Augusto Santos Silva lamenta a “enorme perda para a ciência e cultura portuguesas”. O Ministério da Ciência presta “perene admiração” pelo seu “compromisso ético inabalável com o pensamento e a cidadania”

O Presidente da República considerou este sábado que José Mattoso, que morreu aos 90 anos, foi "um dos maiores historiadores" e um dos "grandes sábios portugueses", destacando a sua “indispensável bibliografia no campo da História Medieval”, numa nota publicada na página oficial da Presidência da República.

O chefe de Estado recorda que José Mattoso, "filho de um conhecido historiador", começou "por ser monge beneditino, em Portugal e na Bélgica, tendo-se licenciado em História e doutorado em História Medieval pela Universidade Católica de Lovaina".

"Regressado ao nosso país, e à condição laical, foi durante décadas investigador e professor, nomeadamente na Universidade de Lisboa e Universidade Nova de Lisboa, diretor do Instituto Português de Arquivos e diretor da Torre do Tombo", lê-se na nota.

Marcelo Rebelo de Sousa destaca ainda que, "além de uma longa e indispensável bibliografia no campo da História Medieval", José Mattoso coordenou também uma "importante História de Portugal em oito volumes" e "escreveu sobre a historiografia e sobre a identidade nacional".

"Um dos seus livros mais lidos e mais premiados é 'Identificação de um País: Ensaio sobre as Origens de Portugal'. A biografia 'D. Afonso Henriques' diz não apenas tudo o que é possível dizer de um rei acerca do qual existem poucas fontes, mas tudo sobre a época em que viveu", refere-se.

O Presidente da República recorda que, devido à sua obra, foi atribuído o Prémio Pessoa a José Mattoso, assim como o grau de Grande-Oficial da Ordem de Sant'iago da Espada.

"Teve igualmente algumas intervenções no âmbito cívico e político e dedicou um tocante empenho à nascente nação de Timor-Leste. Mesmo depois de deixar a vida consagrada, nunca abandonou a dimensão do sagrado e da fé", destaca-se.

O chefe de Estado salienta que, no passado mês de janeiro, quando José Mattoso fez 90 anos, teve a oportunidade "de lhe exprimir a gratidão e a admiração dos portugueses". "Na sua partida, manifesto à família de José Mattoso o meu sentido pesar", lê-se.

“Um novo olhar sobre a nossa identidade”

O Primeiro-ministro António Costa reagiu à morte no historiador no Twitter, que apelidou de “referência maior da cultura”. “Foi com profunda tristeza que soube do falecimento do historiador José Mattoso, figura notável da nossa historiografia”, escreveu. “Devemos-lhe um novo olhar sobre a nossa identidade, um conhecimento profundo do nosso passado e um cuidado na preservação da memória do país”.

“Também no Twitter, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, lamentou o desaparecimento do historiador, “uma enorme perda para a ciência e cultura portuguesas”. ”Mas ficam o seu exemplo de vida e a sua interpretação histórica de Portugal, que continuarão a iluminar-nos", acrescentou.

“Em comunicado, também o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior lamentou a morte do historiador, prestando ”sentida homenagem a uma figura maior da academia portuguesa e perene admiração por uma vida marcada por um compromisso ético inabalável com o pensamento e a cidadania.

Elencando vários momentos do seu longo percurso profissional, o ministério refere que José Mattoso “deixa obras de referência acerca da História de Portugal” e que a ele se deve “a compreensão profunda e multifacetada do religioso na historiografia portuguesa”. “José Mattoso deu-nos a sua visão original, profunda e serena, mudando irreversivelmente o modo como olhamos para a história do país e como nos (re)conhecemos como país”, lê-se no comunicado.

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