Fayeza desligou a câmara num gesto repentino e sem hesitação. Enquanto o fazia, já a mão lhe escondia o rosto e ouvia-se um sumido “desculpem”. A videochamada terminou sem qualquer previsão de que isso pudesse acontecer. Falava de como queria voltar a ser livre e reencontrar-se, contava que se perdeu quando os talibãs tomaram Cabul de assalto e de como nos últimos dois anos governaram o Afeganistão. “Desculpem, não consigo.” Mais tarde, por mensagens escritas, disse que não queria que a conversa acabasse daquela forma e explicou: “Há muito tempo que não pensava em quem era, no que fui e no que vivi. Gosto de falar dos meus sonhos, mas ainda é tudo demasiado difícil”.
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