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Madeira em alerta máximo: o pior ainda não chegou

Madeira em alerta máximo: o pior ainda não chegou
HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

As escolas estão fechadas por causa da chuva, o aeroporto condicionado pelo vento e pelo nevoeiro, mas o balanço às primeiras horas da passagem da tempestade Oskar pela Madeira inclui apenas pequenas inundações, deslizamentos de terras e quedas de árvores. As autoridades regionais insistem em manter todas as cautelas e recomendações à população. Estão previstos três picos de precipitação até que se seja levantado o aviso vermelho, o que deverá acontecer ao início da tarde desta terça-feira

Madeira em alerta máximo: o pior ainda não chegou

Marta Caires

Jornalista

A chuva cai com persistência há várias horas e, por questões de segurança, as escolas da Madeira vão estar fechadas esta terça-feira. As autoridades regionais entendem que não é seguro já que um dos picos de precipitação da passagem da tempestade Oskar pelo arquipélago deverá ocorrer entre as seis e as nove da manhã.

“Essa é a hora em que os pais levam os filhos à escola, em que há uma grande movimentação de pessoas”, explicou Jorge Carvalho, o secretário regional da Educação aos jornalistas para justificar a decisão. “O mais importante é a segurança” e, por isso, até os alunos do 5º vão faltar às provas de aferição de História e Geografia. As provas são nacionais e o governo regional vai tentar encontrar uma solução mais tarde.

Também a Câmara Municipal do Funchal decidiu encerrar os serviços administrativos e de atendimento ao público para retirar do centro da cidade o maior número de pessoas, mas estão de prevenção todos os outros funcionários, todos os operacionais. Esses, garantiu Pedro Calado, o presidente da autarquia, estão de prevenção e podem ser chamados para acudir às eventuais ocorrências. Às nove da noite, no balanço às primeiras seis horas do alerta vermelho, tinham sido registadas 16 ocorrências.

Pequenas inundações em casas e alguns deslizamentos de terras resumem o dia, mas, na Madeira, a memória das cheias de 2010 vêm sempre que chove muito e o Instituto do Mar e da Atmosfera coloca a região sob aviso vermelho. “Há ainda muito caminho para andar. Estão previstos três picos de chuva: um por volta da meia-noite; outro entre as seis da manhã e as nove e outro ao meio-dia. Todos eles com previsões de mais chuva do que a foi registada até agora”. Por isso, na sala de comando do Serviço de Proteção Civil Municipal ninguém está descansado.

Também em Santa Cruz, o segundo concelho mais populoso da região, não havia a registar estragos de maior conforme adiantou ao Expresso o presidente da Câmara, Filipe Sousa. “Umas quedas de árvores e de pedras, mas nada de significativo. A informação que temos é que o estado do tempo se poderá agravar a partir das duas da manhã”.

Vento com rajadas

O mau tempo está, neste momento, a condicionar o movimento no Aeroporto da Madeira, com voos cancelados e desviados. Primeiro por causa da má visibilidade, depois devido ao vento. É a que a tempestade traz muita chuva, mas também vento com rajadas que podem atingir nas zonas montanhosas os 100 quilómetros hora. E ao fim da tarde já se sentia a agitação marítima. As previsões apontam para que, nesta terça-feira, se registem ondas de 10 metros na costa sul. O vento será de sul o que, na ilha, poderá causar estragos na orla costeira.

Em três estações meteorológicas da Madeira já se ultrapassaram os limites da chuva para o aviso vermelho: Chão do Areeiro, Pico Alto e no Monte, freguesia da parte alta do Funchal e uma das zonas fustigadas na aluvião de 2010 (as cheias que mataram 47 pessoas e desalojaram 600), mas em alerta estão todos os concelhos da costa sul da Madeira. E por isso desde a manhã desta segunda-feira que está em vigor o plano de emergência regional, decisão tomada após um encontro entre forças de segurança, bombeiros, forças armadas e proteção civil.

Apesar de haver alguma esperança – os três meses anteriores foram muito secos no arquipélago e quase não choveu entre Março e o fim de Maio – a verdade é que, depois de 2010 as autoridades e os madeirenses preparam-se para o pior e esperam o melhor. Nos últimos 13 anos foram feitas muitas obras para atenuar os impactos das cheias. As ribeiras que atravessam o Funchal foram rebaixadas e canalizadas, assim como vários ribeiros. A montante, nos vales, foram construídos açudes para conter as pedras e as terras que são arrastadas pela chuva, mas a experiência numa ilha com uma história de aluviões é que o risco zero não existe.

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