Sociedade

Associação repudia DIA favorável ao lítio no Barroso e promete continuar a lutar contra as minas

Barroso, no concelho de Boticas, deve receber exploração de lítio da Savannah Resources
Barroso, no concelho de Boticas, deve receber exploração de lítio da Savannah Resources
D.R.

A associação Unidos em Defesa do Barroso mostrou-se "perplexa" pela aceitação, por parte da Agência Portuguesa do Ambiente, do projeto de lítio, “consistentemente rejeitado por especialistas ao longo de dois anos”

A associação Unidos em Defesa do Barroso (UDCB) repudiou esta quarta-feira a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável condicionada à exploração de lítio, em Boticas, e prometeu continuar a lutar contra as minas a céu aberto.

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) disse, em comunicado, que decidiu viabilizar ambientalmente a exploração de lítio na mina do Barroso, no concelho de Boticas, distrito de Vila Real, emitindo uma DIA favorável, mas que integra um "conjunto alargado de condicionantes".

A associação afirmou, em comunicado, que repudia "veementemente" esta decisão, que considera "um desrespeito pelos direitos ambientais, humanos e sociopolíticos" e prometeu que continuará a "defender a natureza e proteger as populações da ameaça de minas a céu aberto".

Segundo salientou, o projeto da Savannah, que recebeu agora luz verde da APA, prevê a construção de "quatro minas a céu aberto, numa área de quase 600 hectares, em terrenos maioritariamente baldios e muito próximos das aldeias de Covas do Barroso, Romainho e Muro, consagradas Património Agrícola Mundial".

"A concretizar-se, este seria o maior projeto de mineração de lítio a céu aberto na Europa", salientou.

A UDCB mostrou-se "perplexa" pela aceitação deste projeto, "consistentemente rejeitado por especialistas ao longo de dois anos", e frisou que "face aos irremediáveis e devastadores impactos ecológicos, ambientais e socioeconómicos do projeto", considerou "inaceitável que a APA legitime um projeto desta natureza".

A associação citou a página 15 da DIA em que se afirma que "o conjunto das referidas afetações diretas e indiretas, incluindo os impactes residuais, a par dos impactes cumulativos potenciais, impostos pela elevada pressão de projetos sobre a área de estudo, pode comprometer a classificação de Património Agrícola Mundial" e ainda "considera-se ainda que não existe compatibilidade e possibilidade relevante de integração paisagística do presente projeto no território, sobretudo, tendo em consideração a sua classificação".

A consulta pública do reformulado Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da mina do Barroso, terminou em abril com 912 participações submetidas através do portal Participa.

Na DIA refere-se ainda o facto de o projeto ter sido "muito contestado pelos cidadãos (894 exposições), sendo a esmagadora maioria das exposições contrárias ao projeto, contando apenas umas poucas exposições favoráveis".

A mina do Barroso, projeto desenvolvido pela empresa Savannah, prevê uma exploração a céu aberto, tem uma duração estimada de 17 anos, a área de concessão prevista é de 593 hectares e é contestada por associações locais e ambientalistas e a Câmara de Boticas.

A empresa submeteu o EIA da mina do Barroso em junho de 2020 e, dois anos depois, o projeto recebeu um parecer "não favorável" por parte da comissão de avaliação da APA, mas, ao abrigo do artigo 16.º do regime jurídico de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA), o projeto foi reformulado e ressubmetido a apreciação.

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