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UNICEF Portugal: "A criminalização do casamento infantil é muito complexa e não vai conseguir diminuir o fenómeno"

UNICEF Portugal: "A criminalização do casamento infantil é muito complexa e não vai conseguir diminuir o fenómeno"
Getty Images

Nos últimos cinco anos há registo de quase 600 casamentos infantis em Portugal. E em 2022, o número de matrimónios em que pelo menos um dos noivos tem 16 ou 17 anos aumentou face ao ano passado. Em entrevista ao Expresso, Francisca Magano, diretora de Políticas de Infância e Juventude da UNICEF Portugal, lembra a urgência daquilo que já há alguns anos foi pedido ao Governo: alterar a lei para impedir que ninguém em Portugal se case com menos de 18 anos. Mas esta mudança legislativa, alerta, é só um "primeiro passo”

De que forma é que a UNICEF acompanha o fenómeno do casamento infantil em Portugal?
A UNICEF acompanha a realidade dos Direitos da Criança em Portugal desde sempre, em particular, quando o Estado português ratificou aConvenção sobre os Direitos da Criança em 1990. Sobre o fenómeno do casamento infantil também o temos acompanhado de perto e quero destacar quando, em 2019, o Comité dos Direitos da Criança recomendou explicitamente a Portugal que alterasse o enquadramento legal para que não fosse possível casar antes dos 18 anos. No ano anterior [2018], tínhamos feito um relatório alternativo, um relatório sombra a este processo no Comité dos Direitos da Criança, em que alertávamos precisamente para o facto de ainda ser possível casar em Portugal antes dos 18 anos. Desde a recomendação do Comité, temos acompanhado mais de perto o fenómeno com o Governo para garantir um conjunto de ações e medidas que nos parecem urgentes. Quando falamos da possibilidade de uma criança (todo o ser humano até aos 18 anos, tal como previsto na Convenção) casar estamos a falar de uma violação de Direitos Humanos. Sabemos que o casamento surge muitas vezes associado a baixa escolaridade, portanto, maioritariamente raparigas acabam por abandonar a escola e está, muitas vezes, associado à gravidez na adolescência, gravidez indesejada, violência doméstica, violência na intimidade e também por situações que acabam por causar mortalidade materna e infantil. É um fenómeno que põe em causa os direitos da criança e, portanto, temos apelado junto do Estado português que comece por alterar a idade mínima para casar de 16 para 18 anos.

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