Mateus está a conduzir o protesto. Literalmente: o jovem de 25 anos fala com o Expresso ao volante do camião que lidera a manifestação em Lisboa pelo direito à habitação, marcada para este sábado. Conduz muito devagar, pautando o ritmo de milhares de pessoas que atrás de si começaram a descer a Avenida Almirante Reis a partir da Alameda, em direção à praça do Martim Moniz.
“Tive de sair de Lisboa há dois anos. Trabalhava num call center e ganhava mil euros por mês, que até é um salário ok, mas no final sobravam-me €50”, diz Mateus, que partilhava uma casa na Alameda com três amigos. “Mesmo o pessoal que ganha bem queixa-se, é bué ingrato”, sublinha, ele que teve de voltar para a casa dos pais em Porto de Mós, de onde é natural e de onde trouxe o camião esta manhã.
“O Governo não vai mudar nada”, afirma entre duas passas de um cigarro, quando questionado sobre as recentes medidas apresentadas pelo Executivo de António Costa para combater o “drama” da habitação em Portugal. Dá o exemplo da luta dos professores, há meses num braço de ferro com o ministério da Educação. “Até fiquei emocionado com a manif dos professores no outro dia. É um problema que dura há bué anos, e mesmo assim eles não desistem. Mas é a prova que as manifestações não mudam nada”, atira.
Então qual é a alternativa? “Ocupar casas, não pagar rendas, lutar contra os despejos", diz de imediato.
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