Moradores de Oeiras preparam manifestação caso não seja acatada a petição para retirar parquímetros junto ao Parque dos Poetas
D.R.
Petição com 1600 assinaturas foi entregue na Assembleia Municipal, que tem 30 dias para se pronunciar. “Não temos o apoio de Isaltino, ao contrário do que sucedeu em Benfica”, alegam os moradores
Foi “do dia para a noite” que os moradores do concelho de Oeiras assistiram à instalação de parquímetros, na zona junto ao Parque dos Poetas, onde as pessoas têm de se deslocar de carro por não haver alternativa de transporte público, e que além de estabelecimentos comerciais e do Hospital da Luz, que funciona no local, também atinge várias ruas em redor.
Os moradores organizaram-se e lançaram uma petição, com 1600 assinaturas, contra os novos parquímetros na zona do Parque dos Poetas, que entregaram a 21 de março na última assembleia municipal - que agora tem 30 dias para dar uma resposta decisiva sobre a questão de manter ou não estacionamento pago nestas zonas habitacionais, onde também funciona comércio.
“O que tencionamos fazer é uma manifestação à porta da assembleia municipal, depois do veredito e caso decidam continuar com os parquímetros, a ver se muda alguma coisa”, adianta André Rosa, morador do concelho de Oeiras e um dos mobilizadores da petição.
Sentindo-se lesados, os moradores começaram por mostrar o seu descontentamento em reunião da assembleia municipal a 28 de fevereiro, sem terem conseguido reunir o apoio do presidente da câmara, Isaltino de Morais.
“O sr. Isaltino não nos respondeu. Em termos legais, o presidente da câmara podia-se ter pronunciado, e não o fez. Mas voltámos lá com uma petição com 1600 assinaturas em papel, e nunca esperaram que conseguíssemos reunir tantas assinaturas. Fomos aos restaurantes, cafés e cabeleireiros à volta do Parque dos Poetas, há muita gente que veio à nossa procura depois disso porque queria assinar a petição”, relata André Rosa.
Isaltino de Morais acabou por responder à questão, na sessão extraordinária da assembleia municipal, a 21 de março, frisando que, “para esta matéria, não são precisos abaixo-assinados” e que “a câmara municipal nunca autoriza a Parques Tejo a instalar parquímetros quando há oposição dos cidadãos” e que “os parquímetros não são para a câmara ganhar dinheiro, mas para ordenar o tráfego e garantir mais condições às pessoas”.
Até 25 de abril,a assembleia municipal terá de tomar uma decisão sobre os novos parquímetros em Oeiras
D.R.
Segundo o autarca de Oeiras, “o assunto está a ser ponderado, a Câmara Municipal e a Parques Tejo vão ouvir os moradores e os comerciantes, vão ser todos ouvidos”. Até ao próximo 25 de abril, a assembleia municipal terá de dar resposta à petição dos moradores.
Trabalhadores do Hospital da Luz vão estacionar ao centro comercial, por ser gratuito
A situação em Oeiras segue-se a uma mobilização que ocorreu em Benfica contra os parquímetros e que até deu origem a um referendo.
“A diferença é que, em Benfica, quem se moveu foi a Junta de Freguesia. Aqui é o contrário, estamos sozinhos, somos um grupo de pessoas que se organizaram num café. Gostávamos de ter o apoio da Junta - mas não temos”, refere André Rosa, lembrando que a própria presidente da Junta de Freguesia de Oeiras manifestou o seu desconforto em relação à questão dos parquímetros na zona do Parque dos Poetas, tendo dito que não tinha sido informada sobre a sua instalação.
“O caso de Benfica não deu em nada, porque alegaram que a percentagem de pessoas no referendo não era significativa”, realça André Rosa, sublinhando a necessidade de “aprender com os erros” e de dar os passos certos para resolver a questão. “Temos também a possibilidade de ir à Assembleia da República se conseguirmos reunir 6.500 assinaturas”.
A questão dos parquímetros está a afetar os moradores da zona e também os trabalhadores do comércio local, para não falar dos utentes, “e quase todas as pessoas que vão ao Parque dos Poetas têm de se deslocar de carro”, segundo frisa André Rosa.
Os moradores de Oeiras lamentan não ter o apoio da Junta de Freguesia, ao contrário do caso de Benfica. "Estamos sózinhos, mas queremos ter uma voz"
D.R.
“Os trabalhadores do Hospital da Luz têm de ir estacionar ao shopping Oeiras Parque, que não é pago. O que também questionamos é que, se todo o estacionamento à volta começar a ser pago, o Oeiras Parque irá continuar gratuito”, nota o morador.
O mobilizador da petição em Oeiras destaca, ainda, haver “discriminação” nas negociações de pagamento de estacionamentos entre a Parques Tejo e os diversos serviços no local: aos trabalhadores do Hospital da Luz está a ser proposto o pagamento de 15 euros mensais, descontado no ordenado, para poderem estacionar o carro, “quando no caso da escola são 15 euros anuais e para restaurantes e estabelecimentos de comércio são 250 euros anuais se quiserem ter o dístico”. Na zona também funcionam serviços da Câmara de Oeiras, mas os seus trabalhadores “não pagam nada” para estacionar.
Os moradores da Rua Carlos Vieira Ramos e da Rua A Gazeta de Oeiras também se dizem prejudicados com a questão dos parquímetros. "Moro na Rua Carlos Vieira Ramos e ao fim de semana não posso estacionar sem ter de pagar", faz notar André Rosa.
Com a atual petição, “tenho esperança de que tirem os parquímetros de ruas habitacionais” (como a Carlos Vieira Ramos ou A Gazeta de Oeiras), “mas acho que infelizmente será mais difícil na zona envolvente do ginásio e do Hospital da Luz, sendo a ideia obrigar toda a gente a pagar estacionamento nos eventos do Parque dos Poetas”, conclui André Rosa.
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes