Professores e funcionários de escolas da Grande Lisboa vão ao final da tarde da próxima segunda-feira rumar em marcha lenta até à Ponte do Pragal (Almada), concentrando-se nos acessos à Ponte 25 de Abril para, à hora marcada – 6h23 da tarde -, pararem e assinalarem simbolicamente aquela que tem sido uma das suas principais reivindicações: a devolução integral do tempo de serviço congelado e ainda não contabilizado, que totaliza 6 anos, 6 meses e 23 dias.
A iniciativa, que os promotores querem ver estendida a todo o país, com concentrações e paragens à mesma hora nas pontes mais próximas dos locais de protesto, está a ser organizada por um grupo de 12 professores,. “Missão Escola Pública” foi o nome dado ao movimento “apartidário”, que luta pelos direitos dos docentes e pela “defesa da Escola Pública”. Mas para o protesto de segunda-feira convocam “ todos os cidadãos” que se queiram associar a este objetivo.
No caso de Lisboa, a ideia é unir profissionais da Educação da margem Sul e da margem Norte do rio Tejo, com a manifestação a terminar junto ao santuário do Cristo-Rei.
Quanto à data, 20 de março, foi escolhida por ter sido esse o dia indicado pelo ministro da Educação como possível para iniciar negociações sobre outros temas que têm estado na lista das preocupações dos professores, como o excesso de burocracia nas escolas e o impacto dos anos de congelamento do tempo de serviço, com a “correção dos efeitos assimétricos na carreira dos docentes”, na descrição feita pelo ministro da Educação.
O Ministério informou entretanto os sindicatos que essa primeira reunião decorrerá no dia 22, quarta-feira.
Desgaste e união
“É um desgaste muito grande, durante muitos anos, e os professores chegaram ao limite”, descreve Rui Foles, docente de Educação Visual e Tecnológica e um dos promotores do protesto que está a ser divulgado nos blogues e redes sociais de professores e que, acredita, contará “com grande número de pessoas”.
“Se não for agora, nunca será”, comenta Cristina Mota, outras das organizadoras do protesto, garantindo que os professores “estão muito unidos”: “Encontram-se nas vigílias, nas manifestações, nos portões das escolas e isso tem fortalecido a sua luta. Se algum esmorece, aparece outro a dar força. E quando vemos colegas de outras escolas a chegarem às iniciativas e a juntarem-se dá alento”, descreve esta professora de Matemática, que vai dividindo dia entre aulas, atividades na escola e “mais um telefonema a cada intervalo” para organizar a ação.
“Faço-o pelo futuro da Educação dos mais novos. Para que possam ter os professores e a formação que eu tive quando era estudante. Porque neste momento, se não se tornar a carreira do ensino apelativa, esse futuro está em risco”.
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