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Atropelamento na A6: Eduardo Cabrita vai mesmo ser ouvido como arguido

Atropelamento na A6: Eduardo Cabrita vai mesmo ser ouvido como arguido
NUNO VEIGA/LUSA

Ex-ministro da Administração Interna vai responder pelo crime de homicídio por negligência na morte do trabalhador na A6

O ex-ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, vai mesmo ser ouvido como arguido durante a fase de instrução no caso do atropelamento mortal na A6 a 18 de junho de 2021. A notícia foi avançada pela CNN Portugal e confirmada pelo Expresso.

O ex-ministro vai responder pelo crime de homicídio por negligência.

Em janeiro, os desembargadores de Évora já tinham dado razão à filha de Nuno santos, o trabalhador que morreu atropelado na A6 pelo carro oficial do então ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita, que circulava a 166 km/hora na altura do acidente. E deram agora igualmente provimento aos argumentos da Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados no seu requerimento de abertura de instrução, que pretendem que Cabrita seja também responsabilizado pela morte do funcionário de uma empresa que realizava trabalhos de manutenção na A6, no concelho de Évora.

"Estamos satisfeitos pela decisão da Relação de Évora", declarou Paulo Graça, advogado daquela associação.

O EMARANHADO DE DECISÕES NO CASO DA A6

A 18 de junho de 2021, Nuno Santos foi atropelado mortalmente pelo automóvel oficial, conduzido por Marco Pontes, em que seguia o então ministro Eduardo Cabrita. O acidente deu-se ao quilómetro 77,600 da via, no sentido Estremoz-Évora. A viatura do ministro ia em excesso de velocidade.

A 3 de dezembro desse ano, o MP acusou o motorista de Eduardo Cabrita de homicídio por negligência, tendo, nesse mesmo dia, o então ministro da Administração Interna apresentado a sua demissão do cargo.

Inicialmente, o MP só tinha deduzido acusação contra o motorista que conduzia a viatura oficial em que seguia o então governante, mas a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados, que se constituiu assistente no processo, considerou após consultas dos autos que havia provas suficientes para responsabilizar o antigo ministro por um crime de homicídio por negligência.

Face à solicitação da associação, o Ministério Público decidiu reabrir o caso e ordenou à procuradora titular do inquérito no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora que constituísse como arguidos Eduardo Cabrita e o respetivo chefe de segurança pessoal da comitiva, Nuno Dias.

Em fevereiro de 2022, Nuno Dias foi constituído e interrogado como arguido nas instalações do DIAP de Évora.

Em abril desse ano, o ex-MAI foi formalmente constituído arguido no caso do atropelamento na A6.

Um mês depois, o DIAP de Évora decidiu arquivar as suspeitas contra Cabrita por homicídio por negligência e ao seu chefe de segurança, Nuno Dias. Mas manteve a acusação contra o motorista Marco Pontes, acusado de um crime de homicídio por negligência.

No final do ano passado, durante o debate instrutório realizado em Évora, a defesa do motorista alegou que Marco Pontes se limitou a “cumprir ordens” no caso do atropelamento mortal na A6 e realçou que não tinha formação específica para conduzir altas individualidades.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: HFranco@expresso.impresa.pt

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