
O tempo não sabe quanto tempo o SEF tem: reportagem num lugar que tem o seu fim decidido. “A questão é quando”, perguntam inspetores
O tempo não sabe quanto tempo o SEF tem: reportagem num lugar que tem o seu fim decidido. “A questão é quando”, perguntam inspetores
Coordenadora de Multimédia
Marcus aproxima-se do balcão. “Bom-dia”, diz enquanto estende o passaporte azul-escuro onde se lê “República Federal do Brasil”. Não volta a falar. O inspetor pega no documento, passa-o pelo leitor e instantes depois quase toda a vida de Marcus está ali no ecrã de um computador do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. Saiu do Piauí em direção a Portugal. “Venho cá em turismo”, garante o homem, que só quebra o silêncio quando é questionado. Está sozinho, a mulher e o filho não vieram. “Ela está doente”, apressa-se a justificar. Traz consigo tudo o que é necessário para entrar no país; além do visto, apresenta também um comprovativo de alojamento. Há uma reserva em seu nome num hotel na Avenida da Liberdade. O tempo que Marcus demora é um pouco mais do que o habitual nas boxes da zona de chegadas do aeroporto. O inspetor que o atende desconfia da história. “Que pontos turísticos quer visitar?” A resposta sai com alguma hesitação. “O Oceanário”, diz.
O homem, que não tem mais de 40 anos, acaba por passar a fronteira e entrar em Lisboa. “Este é daqueles casos estranhos, porque há uma série de sinais que apontam para que a pessoa vem procurar emprego e, quando tiver contrato, apresenta uma manifestação de interesse para ficar no país. O que não é certo aqui é que a entrada está a ser feita com o visto turístico, que é para férias, mas está tudo legal. Não podemos recusar entrada a quem nos apresenta tudo o que é necessário”, explica o inspetor quando as costas de Marcus já só se veem ao longe.
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