José Sócrates enviou esta sexta-feira, 24 de fevereiro, uma carta a Lucília Gago com uma “denúncia formal (…) contra desconhecidos” depois de a SIC ter revelado que houve uma investigação já depois de a Operação Marquês ter rebentado para averiguar as circunstâncias em que o ex-primeiro-ministro recebeu €12,5 mil mensais como contrapartida de um trabalho de consultadoria para um empresário, entretanto, falido.
Segundo a SIC, Sócrates poderá ter recebido estes pagamentos durante vinte meses, entre fevereiro de 2020, um mês depois de assinar o contrato, em outubro de 2021. Neste período, o ex-governante suspendeu a subvenção vitalícia a que tem direito por ter sido chefe do Governo.
Sócrates, que não quis responder à SIC por considerar que as questões eram “devassa da vida privada”, reagiu numa carta aberta à Procuradora-geral em que acusa o MP de “ter perdido qualquer sentido de decência” e diz que não há “suspeita nem fundamento para fazer qualquer averiguação”: "Atacar-me desta forma, e atacar todos os que comigo se relacionam socialmente, é uma covardia e uma violência que há muito conheço do processo marquês. Estes métodos, Senhora Procuradora, são repugnantes".
De acordo com a investigação da SIC, a suspeita nasceu das transferências recebidas na conta da Caixa Geral de Depósitos de Sócrates e foram justificadas com um contrato de consultoria com Adélio Machado, empresário e ex-piloto de automóveis que já foi à falência em França e em Espanha.
Sendo um ex-primeiro-ministro, Sócrates é considerado uma pessoa politicamente exposta (PEP) e as instituições financeiras têm por lei especiais deveres de comunicação, no âmbito das medidas de combate ao branqueamento de capitais.
O ex-PM rejeita ser um PEP “na medida em que” deixou de “exercer funções públicas há cerca de doze anos”. Por isso, argumenta, tem “todas as razões para suspeitar que a atuação do banco foi politicamente motivada.” E, assim, requere “a abertura do competente inquérito criminal” contra a Caixa.
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