Sociedade

“Viremos quantas vezes forem necessárias”: manifestação dos professores enche Marquês de Pombal

“Viremos quantas vezes forem necessárias”: manifestação dos professores enche Marquês de Pombal
TIAGO MIRANDA

A manifestação dos profissionais da educação, marcada para este sábado – com uma adesão prevista de 100 mil pessoas, uma dimensão semelhante à de 2008 – começa a ganhar volume. São várias as centenas de docentes e não docentes do Algarve a Braga que se fazem ouvir no Marquês de Pombal e que, mais tarde, irão descer até ao Terreiro do Paço.

“Viremos quantas vezes forem necessárias”: manifestação dos professores enche Marquês de Pombal

Tiago Miranda

Fotojornalista

O Marquês de Pombal, em Lisboa, já começa a parecer pequeno para o número de manifestantes - pessoal docente e não docente - que se vai aglomerando desde as 13 horas, vindo do norte ao sul do país. A manifestação convocada pela Fenprof e FNE, e por outros sete sindicatos independentes (o STOP não faz parte, mas já anunciou que estará presente), prevê ter uma adesão semelhante à megamanifestação de 2008, que uniu 120 mil professores contra a aprovação do novo estatuto da carreira encabeçado pela ministra da educação, Maria de Lurdes Rodrigues. Agora, quase 15 anos depois, os profissionais do sector da educação voltam às ruas para reivindicar melhores condições de trabalho, nomeadamente, a recuperação do tempo de serviço – os 6 anos, 6 meses e 23 dias que ficaram por descongelar – e o fim das quotas e vagas de acesso ao 5º e 7º escalões. Com início marcado para as 15 horas, são centenas os manifestantes com bandeiras, cartazes e apitos que se preparam para caminhar até ao Terreiro do Paço.

“Estamos a lutar por uma escola mais justa para os docentes e, especialmente para os alunos”, diz uma das educadora do Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa, em Faro, que fez questão de integrar um dos autocarros com destino a Lisboa. Com 25 anos de serviço, a educadora é uma das vozes das reinvidicações pelo descongelamento dos anos de serviço e do fim das quotas. “Viremos quantas vezes forem necessárias”, garante.

Também Cláudia Carvalho, professora de matemática no Agrupamento de Escolas de Esmoriz – Ovar Norte, no distrito de Aveiro, pede ao Governo “mais condições” para a classe docente. “Se melhorassem as condições de trabalho que temos valeria muito mais do que o salário”. A somar às queixas do sector, a professora com 23 anos de serviço lembra o excesso de trabalho e as dificuldades de habitação dos docentes colocados em cidades como Lisboa. Apesar do elevado número de pessoas, a professora com 23 anos de serviço reforça que há “muitos colegas que não puderam vir", mas estão “solidários” com a causa. Sobre as negociações da próxima semana com o Ministério da Educação, Cláudia Carvalho tem pouca esperança que tragam mudanças efetivas. ”Acho que vai ficar igual. Há 20 anos que estamos nesta situação e não há pessoas competentes que façam um planeamento".

Para esta manifestação com o lema Defender a Profissão de Professor, foram alugadas quase 600 camionetas que viram de vários pontos do país até Lisboa e ainda um catamarã com 650 docentes a bordo vindo do Barreiro, apurou o Expresso. A estes profissionais do sector somam-se ainda outros milhares que chegarão por meio próprio. A Fenprof prevê que o número de participantes ultrapasse os 100 mil.

Depois de reunidos no Marquês de Pombal, os manifestantes irão descer a Avenida da Liberdade e fazer todo o caminho até ao Terreiro do Paço com bandeiras e cartazes nas mãos. Aos profissionais do sector, juntaram-se ainda representantes das Forças Armadas e da Polícia de Segurança Pública por considerarem que existem reivindicações “transversais” a todos estes sectores, avança o Público.

Esta manifestação, que culmina 18 dias de greves distritais, pretende pressionar o Ministro da Educação, João Costa, e o próprio primeiro-ministro a mudarem de posição quanto às exigências do sector. Até aqui, o Governo tem-se mostrado intransigente na reposição integral do tempo de serviço dos professores. O Ministro das Finanças, Fernando Medina, veio justificar a posição com a necessidade de manter o “equilíbrio” das “contas públicas”. Um dia antes da manifestação deste sábado, em Celorico da Beira, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou compreender “perfeitamente” as reivindicações dos professores e pediu “paciência” ao sector.

A nova ronda negocial entre os sindicatos de professores e o Ministério da Educação já está agendada para 15 e 17 de fevereiro. Em cima da mesa irá estar o novo regime de concursos, assim como outros temas tidos como prioritários pelos professores.

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