O incêndio que atingiu na noite deste sábado um T0 no edifício no bairro da Mouraria no número 55 da Rua do Terreirinho, causou duas mortes, entre as quais um jovem de 14 anos, tendo ainda ferido 14 pessoas, das quais quatro crianças.
A tragédia pôs a nu as condições de habitação de uma população fragilizada, maioritariamente composta por estrangeiros, muitos dos quais oriundos do sul da Ásia e que não dominam com fluência a língua portuguesa. Na tarde de domingo, as portas foram entaipadas pelos Sapadores Bombeiros de Lisboa para impedir que os moradores entrassem, correndo riscos e alterando o cenário que será analisado a partir de segunda-feira pela Polícia Judiciária.
Cerca de 20 pessoas terão ficado desabrigadas e por trás da tragédia estará a sobrelotação do apartamento. Segundo o Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, o alerta para o incêndio foi dado às 20:32 para a Rua do Terreirinho. As pessoas que ali se encontravam viram-se afuniladas pela forte intensidade do fumo gerado pelo incêndio, de tal forma que as mortes terão sido causadas pela inalação de fumo. O fogo foi extinto pelas 21:50. Em declarações à comunicação social, na noite de sábado, o presidente da junta de freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho, admitiu que no edifício poderia estar a funcionar um alojamento local ilegal. "Há aqui muito alojamento local clandestino, isso posso dizer que há", completou.
Todos os 11 feridos do incêndio que foram levados para os hospitais de Santa Maria, de São José e as duas crianças que foram encaminhadas para o Hospital D. Estefânia já tiveram alta e, segundo Margarida Castro Martins, diretora do serviço municipal de Proteção Civil da Câmara Municipal de Lisboa em declarações à Lusa, realojados num estabelecimento hoteleiro com a ajuda da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Também o Alto Comissariado para as Migrações, foi acionado e já estará a procurar uma solução adequada para abrigar as duas dezenas de pessoas desalojadas.
Informações da avançadas pela RTP davam conta de que o prédio estaria insolvente, teria sido alienado a uma instituição financeira, e que o rés do chão teria posteriormente sido vendido a um estrangeiro, o qual subalugaria um dos apartamentos a estrangeiros, que pagariam à volta de 150 euros por cada cama/vaga.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, deslocou-se ao local ainda na noite de sábado e, em conferência de imprensa pelas 23h, lamentou as vítimas mortais do incêndio. "É dramático, não esperávamos que isto acontecesse", afirmou, sublinhando a rápida resposta das autoridades, que "em quatro minutos estavam a trabalhar no terreno".
Notícia atualizada às 20h30
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