As polícias detiveram 17 pessoas por abandono ou maus tratos a animais de companhia e registaram quase 10 mil crimes nos últimos cinco anos, revelam dados enviados à Lusa pela PSP e GNR.
As 17 detenções foram feitas, entre 2018 e 2022, pela Polícia de Segurança Pública, que deteve 15 pessoas por maus tratos e duas por abandono de animais de companhia.
O ano com mais detenções por maus tratos de animais de companhia foi 2021, quando ocorreram seis, seguido de 2019 e 2022, com quatro cada um, e em 2018 foi detida uma pessoa. A PSP indica que as detenções por abandono de animais foram feitas em 2019 e 2020, com uma em cada ano.
Dados enviados à agência Lusa indicam que a PSP e Guarda Nacional Republicana registaram 9732 crimes por abandono ou maus tratos a animais entre 2018 e 2022. A PSP dá também conta que, em cinco anos, registou 1615 crimes de abandono de animais e 2278 por situações de maus tratos, num total de 4402.
Enquanto a GNR contabilizou 5330 crimes, 3385 dos quais por maus tratos a animais e 1945 por abandono, tendo este tipo de criminalidade registado em 2022 o valor mais alto dos últimos cinco anos.
A GNR registou 1195 crimes por abandono e maus tratos de animais de companhia no ano passado, 1008 em 2021, 1030 em 2020, 1089 em 2019 e 1008 em 2018. Já a PSP registou uma diminuição em 2020 e 2021 devido à pandemia de covid-19, tendo voltado a aumentar em 2022. No ano passado, a PSP contou 865 crimes, em 2021 foram 833, em 2020 foram 801, em 2019 foram 952 e em 2018 foram 951.
A GNR dá também conta que levantou 18.690 contraordenações por este ilícito nos últimos cinco anos, sendo em maior número em 2018 (5393), seguido de 2019 (5107), 2022 (3357), 2020 (2587) e 2021 (2246). Esta força de segurança refere que os crimes de maus tratos estão previstos no Código Penal e os factos são comunicados ao Ministério Público e os infratores identificados.
Segundo a GNR, os cães são os animais que registam maior incidência quanto a situações de maus tratos e abandono e geralmente os animais recolhidos são entregues nos centros de recolha oficial (CRO) sob gestão municipal ou intermunicipal, sendo também entregues, em determinadas ocasiões, a associações zoófilas.
A GNR recebe também denúncias, que podem ser feitas através da linha SOS Ambiente e Território 808 200 520, www.gnr.pt (Serviços/SOS Ambiente) ou no correio eletrónico sepna@gnr.pt, tendo registado 20.823 queixas entre 2018 e 2022, depois de aumentar todos os anos, desceu pela primeira vez em 2022.
Também a PSP dispõe de uma Linha de Defesa Animal (defesanimal@psp.pt) para receber denúncias, tendo nos últimos cinco anos registado 12.175 denúncias, numa tendência crescente. Esta linha recebeu 2149 denúncias em 2018, 2278 em 2019, 2362 em 2020, 2462 em 2021 e 2924 no ano passado.
A PSP refere que estas denúncias englobam, não só situações criminais de abandono e maus tratos, mas todas as ocorrências relacionadas com o bem-estar do animal e com situações suspeitas que, posteriormente, carecem de uma fiscalização e averiguação por parte da polícia.
Esta polícia sublinha que uma parte das denúncias recebidas através desta linha "não conhece subsequente acionamento criminal ou contraordenacional por se apurar que a situação denunciada não corresponde a qualquer ilícito ou os indícios recolhidos não permitem referenciar a suspeita".
As queixas mais comuns que chegam à PSP através desta linha são reclamações de vizinhos sobre os cães que estão na varanda a ladrar, o pátio que está sujo e tem um odor desagradável, os donos que se ausentaram sem deixar água ou comida aos animais, passear o cão sem trela e a agressividade dos animais.
Os maus-tratos contra animais de companhia são crime desde 2014 e várias pessoas foram já condenadas em primeira instância. No entanto, o Tribunal Constitucional já anulou essas condenações com o argumento de que não têm cobertura constitucional.
Recentemente, o Ministério Público junto do Tribunal Constitucional pediu a declaração de inconstitucionalidade da norma que criminaliza com multa ou prisão quem, sem motivo legítimo, mate ou maltrate animais de companhia. O pedido de inconstitucionalidade surge após três decisões do TC nesse sentido.
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