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Fundação Jornada Mundial da Juventude diz que infraestruturas "devem ter em mente dimensão do encontro"

Fundação Jornada Mundial da Juventude diz que infraestruturas "devem ter em mente dimensão do encontro"
sandra.cortez

A fundação refere-se, em comunicado, à “escala necessária para o encontro de cerca de um milhão de peregrinos com o Papa, para a qual não existem infraestruturas preparadas em Lisboa”, mas promete transparência quanto aos gastos da sua responsabilidade

A Fundação Jornada Mundial da Juventude defendeu, nesta quarta-feira, que todas as infraestruturas para o evento "devem ter em mente a dimensão do encontro", que deve acolher um milhão de peregrinos, e comprometeu-se a divulgar os custos do evento.

"Todas as infraestruturas associadas - sendo que, até à data, o Parque Tejo é o local confirmado para os eventos centrais (vigília e missa final) - devem ter em mente a dimensão do encontro. Percebemos bem a dificuldade de visualizar e apreender a dimensão da JMJ [Jornada Mundial da Juventude] e a escala necessária para o encontro de cerca de um milhão de peregrinos com o Papa - para a qual não existem infraestruturas preparadas em Lisboa", lê-se numa resposta da fundação enviada à Lusa.

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) adjudicou por ajuste direto a construção do palco-altar da JMJ por 4,24 milhões de euros, o que motivou queixas de "falta de transparência" por parte da oposição ao executivo de Carlos Moedas e um pedido do Chega para que o presidente da CML vá ao parlamento explicar os custos do evento que traz o papa Francisco a Portugal em agosto.

Segundo a informação disponibilizada no Portal Base da Contratação pública, a construção do palco-altar "foi adjudicada por 4,24 milhões de euros (mais IVA)", somando-se ainda a esse valor "1,06 milhões de euros para as fundações indiretas da cobertura".

"A Fundação JMJ compromete-se a divulgar, ao longo do projeto, os custos e os investimentos deste acontecimento inédito para o nosso país que são da sua responsabilidade", acrescenta ainda a fundação na nota.

Na quarta-feira, Carlos Moedas disse que sabia que a construção do altar-palco para a JMJ ia ficar muito cara, indicando que será realizada com as especificações da Igreja.

Na nota enviada nesta quarta-feira, a Fundação JMJ refere que "tem vindo a desenvolver o planeamento" do evento "com todas as partes envolvidas na organização", ou seja, o Governo e as autarquias de Lisboa, Loures, Cascais e Oeiras, "em estreita colaboração e cooperação desde o início".

E embora considere "incerta a afluência", refere os 400 mil peregrinos já inscritos, o que dá "alguma perspetiva de que será um acontecimento com uma dimensão inédita em Portugal".

"Neste contexto, o trabalho desenvolvido para os projetos de infraestruturas tem vindo a considerar cenários quanto à afluência aos eventos e também requisitos técnicos necessários para garantir a viabilidade dos locais, nomeadamente em termos de segurança, acessibilidade e sustentabilidade", defende a fundação.

E são as questões técnicas e de segurança que justificam a dimensão do palco-altar que tem gerado polémica, de acordo com a entidade.

"Considerando que, tradicionalmente, a missa final conta com o maior número de peregrinos, o altar do Parque Tejo terá cinco mil metros quadrados, com capacidade para acolher duas mil pessoas, nomeadamente bispos, celebrantes, coro, orquestra e equipa técnica e de língua gestual. É erguido, para ser visível por todos os peregrinos, a uma altura de quase três andares, contando com dois elevadores de apoio à mobilidade reduzida e escadaria central de acesso, além de uma cobertura que implica uma estrutura sólida e segura", refere a nota.

Na passada quinta-feira, a CML aprovou a contratação de um empréstimo de médio e longo prazo, até ao montante de 15,3 milhões de euros, para financiar investimentos no âmbito da JMJ.

A Jornada Mundial da Juventude é o maior encontro de jovens católicos de todo o mundo com o Papa, que acontece a cada dois ou três anos, entre julho e agosto.

A Jornada Mundial da Juventude, considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 1 e 6 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.

As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.

As jornadas nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.

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