Sociedade

Sindicato diz que dúvidas do Governo sobre legalidade das greves de docentes são "forma de pressão"

Sindicato diz que dúvidas do Governo sobre legalidade das greves de docentes são "forma de pressão"
ANTÓNIO COTRIM

A presidente do Sindicato Independente de Professores e Educadores considerou hoje que o pedido de parecer sobre a legalidade das greves de docentes feito pelo Ministério da Educação é “uma forma de pressionar os professores”

O Ministério da Educação pediu um parecer jurídico à Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a legalidade da forma de execução das greves dos professores que estão em curso nas escolas.

"É uma forma de pressionar os professores", disse a Júlia Azevedo, em mais um protesto realizado junto à sede do Agrupamento de Escolas D. Pedro I, em Canidelo, Vila Nova de Gaia, com a participação de cerca de uma centena de professores.

A sindicalista sublinhou que a luta dos docentes - "que com toda a sinceridade é já espontânea" - tem sido "muito forte (...) por todo o país", pelo que está a "causar impacto na sociedade".

A dirigente do SIPE congratulou-se com o facto de "muitos pais compreenderem a importância desta reivindicação, até pela falta de professores que se adivinha, já no presente e no futuro".

É uma greve que "está a causar transtorno, é verdade, daí esta pressão".

"Admira-nos este pedido do Governo, porque enviámos o nosso pré-aviso com cinco dias de antecedência e nada nos foi dito pelo Ministério da Educação, assim como não tivemos nenhum contacto do Ministério do Trabalho. Admira-nos que o Ministério [da Educação] ponha em causa a legalidade de um pré-aviso que, segundo o nosso departamento jurídico está completamente dentro da legalidade, porque cumpre todos os requisitos exigidos na lei", disse.

Júlia Azevedo frisou que "estão todos os requisitos cumpridos", pelo que o sindicato vai "aguardar com serenidade o parecer" e irá também, pelo seu lado, pedir os seus pareceres.

A PSP esteve presente para identificar os dirigentes do SIPE que convocaram o protesto à frente da sede do Agrupamento de Escolas D. Pedro I, em Gaia.

O protesto hoje realizado em Gaia foi "mais um grito de apelo" ao Ministério da Educação (ME) para que recue nas propostas apresentadas no que concerne aos concursos e apresente soluções concretas para os problemas que "afetam a classe docente há vários anos".

O SIPE exige que o ME implemente um modelo de recrutamento de docentes e educadores por graduação profissional, bem como a abertura de processos negociais que visem, entre outros, a extinção das vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões com efeitos retroativos, a recuperação integral do tempo de serviço, a redução da componente letiva por idade igual em todos os níveis de ensino revertendo para a componente individual de trabalho, a alteração ao regime da mobilidade por doença, o fim da precariedade na contratação com vinculação automática ao fim de três anos de serviço e a reposição da perda salarial.

Júlia Azevedo disse à Lusa que o SIPE vai manter todas as ações de luta até, pelo menos, ao dia 20 de janeiro, data em que se reunirá com o Ministério da Educação, prosseguindo designadamente com a greve parcial para que cada docente faça greve ao primeiro tempo do seu horário, que tem vindo a provocar o encerramento de centenas de escolas em todo o país.

Segundo a presidente do SIPE, as alterações que a tutela quer impor "são inaceitáveis e vão prejudicar gravemente as vidas e carreiras dos professores, sendo transversais aos professores contratados, aos quadros de zona pedagógica ou aos quadros de agrupamento. É por isso mesmo que os professores estão determinados a agir em conjunto, não só para travar estas intenções do ME, como para exigir de volta tudo o que lhes foi retirado", acrescentou.

O ministro da Educação, João Costa, já veio, entretanto, esclarecer algumas dessas questões, assegurando, por exemplo, que a contratação de docentes não vai passar para as autarquias e que vai continuar a fazer-se com base na graduação profissional, abandonando também a intenção de permitir que os diretores possam selecionar 30% dos seus professores.

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