Sociedade

Câmara do Porto “estuda formas” de evitar novas cheias

Câmara do Porto “estuda formas” de evitar novas cheias
RUI MANUEL FARINHA

“Foi precipitação intensa” e “muito concentrada na zona central do Porto e norte de Gaia”, diz climatologista Mário Marques. Autarquia portuense admite que obras do Metro podem ter contribuído para as inundações

Quem enfrentou a força da água junto à estação de São Bento, no Porto, pelas 12h deste sábado, conta que “o caudal era tão forte que nem deu para fechar a porta das lojas”.

“Ainda não temos números sobre a precipitação, mas foi intensa e muito concentrada na zona central do Porto e no norte de Gaia, num curto período de tempo, entre as 11h30 e as 12h”, conta ao Expresso o climatologista e especialista em riscos naturais Mário Marques, admitindo que o que aconteceu corresponde ao “que as pessoas costumam chamar tromba de água”.

No futuro próximo, antevê um novo pico de precipitação na madrugada e manhã de domingo, provavelmente entre as 5h e as 10h da manhã, mas “tudo indica que será menos intenso do que o de hoje”, diz.

Este sábado, em menos de duas horas, o concelho do Porto registou 150 pedidos de ajuda por causa das inundações em habitações e vias públicas. Na Baixa da cidade, foram registadas 56 ocorrências.

Autarquia estuda resposta

Esta tarde, Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara do Porto, reagiu às inundações lembrando que as obras a decorrer na Baixa da cidade, de ampliação do Metro do Porto, podem ter contribuído para o cenário que se viveu este sábado. “Mas estamos preocupados e a estudar formas de não voltar a acontecer”, admitiu Araújo.

O autarca garantiu que não está em causa a segurança de pessoas e bens, e que “pela primeira vez”, a água veio à superfície e não drenou pelo rio que está em baixo. “Nós temos um rio [rio vila] que passa aqui por baixo, que normalmente transporta a água. Estamos a avaliar porque é que pela primeira vez [não] aconteceu. Se não detetarmos maneiras de corrigir, pode acontecer de novo.”

RUI MANUEL FARINHA

Tampas de saneamento levantadas

Na explicação de Mário Marques, as zonas onde choveu mais, do lado do Porto, “são mais altas”, entre Cedofeita e Campanhã. Do lado de Gaia a incidência também se fez sentir especialmente entre o Monte da Virgem e a Foz do Douro. Depois, a água desceu da Sé, da Câmara, da Batalha, dos Clérigos, em direção ao rio, levantando tampas de saneamento, “como se pode ver pelas imagens que mostram, agora os paralelos levantados em círculos à volta destas tampas em algumas ruas da Baixa, à volta da Estação de São Bento, uma das zonas mais críticas”.

Com a chuva, os populares dizem que “vinha entulho”, provavelmente trazido pela corrente de água que apanhou no seu percurso obras do Metro, explica Mário Marques.

A circulação de comboios entre São Bento e Campanhã esteve condicionada porque a chuva forte inundou os carris da linha ferroviária. A Linha Amarela (D) do Metro do Porto esteve interrompida entre as estações da Trindade (Baixa do Porto) e de Jardim do Morro (Vila Nova de Gaia), devido a inundação na estação de metro de S. Bento, mas ficou normalizada pelas 14h, indica a página de Facebook do Metro do Porto. A abertura da Estação de S. Bento demorou um pouco mais, devido às limpezas necessárias, mas também já está operacional desde as 16h30.

Há várias vias encerradas ao trânsito, incluindo a Avenida Gustavo Eiffel que já tinha sido fechada esta semana devido a uma derrocada.

A rua Mouzinho da Silveira, no centro histórico do Porto, é uma das que se encontra cortada ao trânsito, porque os paralelos saltaram e ficou aberta uma "cratera" aberta junto à fonte.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mmcardoso@expresso.impresa.pt

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