23 dezembro 2022 20:41

Manuel Pinho no dia em que prestou declarações no Parlamento. O telemóvel ficou a salvo
antónio cotrim / lusa
Carlos Casimiro perdeu a confiança na polícia e agora é ele quem investiga as suspeitas que ainda restam
23 dezembro 2022 20:41
A investigação que levou à prisão e acusação de Manuel Pinho não foi conduzida pela Polícia Judiciária, o órgão policial que, à partida, tem a competência legal e a maior capacidade técnica para trabalhar casos de alta corrupção e criminalidade. O caso até chegou a estar entregue à Unidade de Combate à Corrupção da PJ durante dois anos, mas um desentendimento entre um responsável desta polícia e o procurador Carlos Casimiro levou a que este magistrado tomasse em mãos a liderança do processo, que ainda não está encerrado. As suspeitas de que Pinho foi corrompido pela EDP estão a ser investigadas há 11 anos, e ainda não houve despacho de arquivamento ou acusação: Pinho foi acusado no dia 15 de dezembro de 2022 de ter sido corrompido pelo Grupo Espírito Santo a troco de cerca de 5 milhões de euros; as suspeitas sobre a empresa energética ficaram de fora.
Não sendo inédito — a PJ ficou de fora da Operação Marquês, por exemplo, sendo a investigação entregue à Autoridade Tributária; o caso BES investigado pela PJ numa fase muito inicial e está agora com uma equipa especial liderada pelo procurador José Ranito —, é muito raro que um caso desta dimensão seja investigado diretamente pelos procuradores do processo, que têm recorrido a uma pequena equipa de dez analistas da GNR, PSP e um único operacional da PJ. De acordo com uma fonte judicial, este polícia não teve um papel relevante na investigação que levou à acusação do ex-ministro da Economia.