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Médicos portugueses com remuneração real mais baixa em 2020 do que em 2010

Médicos portugueses com remuneração real mais baixa em 2020 do que em 2010
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Na maioria dos países europeus, os profissionais de saúde viram o seu salário aumentar em termos reais (ajustado à inflação), revela relatório da OCDE e da Comissão Europeia

A remuneração dos médicos em Portugal em 2020 era mais baixa do que em 2010 em termos reais, indica um relatório europeu divulgado esta segunda-feira.

"Em alguns países, como Portugal, Eslovénia e Reino Unido, a remuneração dos médicos generalistas e especialistas diminuiu em termos reais entre 2010 e 2020”, avança o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e da Comissão Europeia (CE) que analisa vários indicadores de saúde no período da pandemia da covid-19.

Segundo o documento, em Portugal, que tem uma média de 4,5 clínicos por mil habitantes, a redução ocorreu entre 2010 e 2012 e, desde então, a remuneração dos médicos aumentou, mas manteve-se mais baixa em 2020 do que em 2010 em termos reais.

O relatório salienta que na maioria dos países europeus a remuneração dos médicos aumentou em termos reais (ajustada à inflação) desde 2010, mas a taxas diferentes entre países e diferenciada entre clínicos especialistas e sem especialidade.

“O aumento entre especialistas e generalistas tem sido particularmente forte na Hungria. O Governo húngaro aumentou substancialmente a remuneração de especialistas e generalistas na última década para reduzir a emigração de médicos e carências” de profissionais, refere a OCDE.

O documento indica ainda que o número de médicos nos países da União Europeia (UE) aumentou de cerca de 1,5 milhões em 2010 para 1,8 milhões em 2020, fazendo com que a média de clínicos por mil habitantes aumentasse, nessa década, de 3,4 para 4,0.

“Em 2020, a Grécia teve o maior número de médicos (6,2 por mil habitantes), seguido de Portugal (4,5), mas o número nestes dois países é uma sobreavaliação, uma vez que inclui todos os médicos licenciados para a prática, incluindo reformados e aqueles que poderiam ter emigrado para outros países, mas mantiveram a sua licença no país”, explica o relatório.

A OCDE e a CE salientam também que, antes da pandemia, as abordagens políticas ao setor “não mudaram significativamente”, com apenas uma média de 3% do total dos gastos em saúde destinados para a prevenção.

“Em 2020, a maioria dos países da UE aumentou substancialmente os seus gastos com a prevenção, pelo menos temporariamente, para financiar campanhas de testes, rastreios, vigilância e informação pública relacionadas com a pandemia”, refere o documento.

“Uma das lições da pandemia é que maximizar a saúde das pessoas e minimizar a sua exposição a fatores de risco antes de uma crise é fundamental. A obesidade e as condições crónicas, como diabetes e problemas respiratórios, foram fatores de risco importantes para complicações graves e morte por covid-19”, recordam a OCDE e a CE.

O relatório refere ainda que se verificam “grandes variações” no nível e no crescimento das despesas de saúde em toda a Europa.

Com uma despesa de 4.997 euros por pessoa, a Suíça foi quem mais gastou na Europa, seguida da Alemanha (4.831 euros).

Os níveis de despesa nos Países Baixos, na Áustria e na Suécia também estavam muito acima da média ponderada da UE, de 3.159 euros, salienta o documento, ao apontar que, no outro extremo da escala, a Roménia, a Croácia e a Bulgária eram os países com menor despesa na UE, abaixo de metade da média da EU.

Em 2020, 10,9% do PIB da União Europeia foi dedicado aos cuidados de saúde.

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