Sociedade

Há uma rede no aeroporto de Lisboa: traficantes pagam €5 mil por cada quilo que chega em malas sem etiqueta e €10 mil pelo transporte

12 novembro 2022 20:39

Hugo Franco

Hugo Franco

Jornalista

Bagagens sem etiquetas e com droga são enviadas do Brasil para Portugal por via aérea

simon bond/getty images

As autoridades chamam a este esquema “Malas Sem Nome”. Tudo começa no Brasil, quando alguém consegue dissimuladamente fazer passar uma mala com droga pela segurança que será posteriormente recebida em Lisboa por um cúmplice. São quilos e quilos transportados no aeroporto da capital

12 novembro 2022 20:39

Hugo Franco

Hugo Franco

Jornalista

Todas as estatísticas demonstram que o fim da pandemia deu um empurrão ao tráfico internacional de cocaína, seja por via terrestre, marítima ou aérea. O que os números não revelam são as soluções engenhosas que os principais grupos criminosos portugueses passaram a utilizar para ampliar os seus negócios ilegais depois de dois anos com as fronteiras fechadas ou condicio­nadas. Um dos esquemas mais lucrativos do pós-covid 19 tem a designação de “malas sem dono” e faz entrar em Portugal e na Europa milhares de quilos desta droga através do aeroporto de Lisboa.

Só nos últimos meses foram abertas várias investigações pela Polícia Judiciária a pelo menos cinco destes grupos, que atuam sobretudo em Lisboa e Setúbal e com fortes laços a importantes redes brasileiras que dominam o negócio na América Latina. E há funcionários do handling e dos serviços de limpeza do Aeroporto Humberto Delgado sob suspeita de trabalharem para estas redes criminosas. “Há um grave problema com a entrada de droga no aeroporto de Lisboa. Este esquema só funciona com a cumplicidade de gente ligada à infraestrutura da Portela”, conta uma fonte judicial, que não coloca de parte a hipótese, embora mais remota, de também haver elementos de forças policiais envolvidos com as redes.