Sociedade

Associações apresentam providência cautelar contra projeto da linha vermelha do metro de Lisboa

Associações apresentam providência cautelar contra projeto da linha vermelha do metro de Lisboa
TIAGO MIRANDA

Providência cautelar deu entrada, na terça-feira, no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, solicitando a "suspensão de eficácia da Declaração de Impacte Ambiental emitida pela APA", em agosto, relativa ao projeto de extensão da linha vermelha do Metropolitano de Lisboa, entre São Sebastião e Alcântara

A associação Fórum Cidadania Lx anunciou esta quinta-feira a apresentação de uma providência cautelar contra a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e o Metropolitano de Lisboa relativamente ao projeto de prolongamento da linha vermelha do metro, que considera "ilegal".

A providência cautelar deu entrada, na terça-feira, no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, solicitando a "suspensão de eficácia da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) emitida pela APA", em agosto, relativa ao projeto de extensão da linha vermelha do Metropolitano de Lisboa, entre São Sebastião e Alcântara.

Em comunicado, a associação Fórum Cidadania Lx informou que a medida judicial de contestação ao projeto de prolongamento da linha vermelha foi apresentada em conjunto com a Quercus -- Associação Nacional de Conservação da Natureza e a Casa de Goa - Associação de Goa, Damão e Diu.

"É uma iniciativa da sociedade civil em defesa da qualidade de vida e do ambiente urbano e do património da cidade de Lisboa", afirmou a associação Fórum Cidadania Lx.

Os requerentes da providência cautelar consideram que o projeto de prolongamento da linha vermelha do Metropolitano de Lisboa, entre São Sebastião e Alcântara, "é ilegal por violação dos instrumentos de gestão territorial em vigor na área percorrida pelo traçado proposto", nomeadamente o Plano Diretor Municipal (PDM) de Lisboa e o Plano de Urbanização (PU) de Alcântara.

As associações entendem, ainda, que o projeto viola os regimes jurídicos da classificação de arvoredo de interesse público (lei n.º 53/2012) e de gestão do arvoredo urbano (lei n.º 59/2021), no que diz respeito ao Jardim da Parada, na freguesia de Campo de Ourique, em que "há por parte do Metropolitano de Lisboa uma completa ausência de estudos razoáveis e criteriosos em relação ao valor e sensibilidade" deste espaço verde, inclusive o abate de seis árvores/lódãos, que "é proibido".

Com um investimento de 304 milhões de euros no Plano de Recuperação e Resiliência 2021-2026, o prolongamento da linha vermelha do Metropolitano de Lisboa prevê a construção de quatro novas estações, nomeadamente Amoreiras, Campo de Ourique, Infante Santo e Alcântara.

Relativamente à futura estação de Campo de Ourique, os moradores desta freguesia lisboeta formaram o movimento "Salvar o Jardim da Parada", para protestar contra a localização escolhida pelo Metropolitano de Lisboa.

Em resposta, a empresa de transporte público reafirmou a opção de construir a estação de Campo de Ourique no Jardim da Parada, mas garantiu que o espaço manterá "todas as suas atuais características" após a conclusão das obras.

Na providência cautelar, as associações Fórum Cidadania Lx, Quercus e Casa de Goa defendem que o projeto de prolongamento da linha vermelha do Metropolitano "não cumpre as distâncias entre estações de metro fixadas no regulamento do PDM e não cumpre a localização do traçado previsto nas plantas de zonamento do PU de Alcântara".

"Tal execução irá atentar, de forma irreversível, contra uma antiga fortificação militar protegida pela Carta Municipal de Património e pelo regulamento do PDM de Lisboa, com a destruição da sua muralha, a fim de a mesma poder ser atravessada pelo viaduto que irá aí ser construído para finalizar a linha vermelha na estação de Alcântara", apontam as associações, referindo-se ao Baluarte do Livramento, que se encontra classificado como bem imóvel de interesse municipal.

No documento que sustenta a medida judicial, as associações enumeram nove ilegalidades relativas à DIA sobre o projeto de prolongamento da linha vermelha, que levantam preocupações ambientais e culturais.

Apoiando o investimento na melhoria das redes de transportes públicos da cidade de Lisboa, as associações recusam aceitar que tal se faça "à margem da lei, a começar pelo próprio Direito da UE, ferindo gravemente interesses tidos, no tempo atual, como fundamentais para uma salutar vivência em sociedade em termos sociais e ambientais".

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas