Os utilizadores do metro da Baixa-Chiado, em Lisboa, são recorrentemente obrigados a usar as escadas com cerca de 39 metros de profundidade. Isto porque é raro que as 12 escadas rolantes da estação estejam todas a funcionar ao mesmo tempo. O Metropolitano de Lisboa prevê que, até ao final deste mês, todos os equipamentos da estação estejam a funcionar.
Por dia, passam por ali cerca de 40 mil pessoas, de acordo com dados recolhidos antes da pandemia. Um dos passageiros que usa a estação frisa que muitas vezes é “ 'obrigado' a ajudar as pessoas, os idosos com sacos e malas” e mesmo quem tenha mobilidade reduzida ou que transporte malas e outros pertences de elevado peso.
O Metropolitano de Lisboa explica, numa nota publicada em 2020, que o motivo das avarias passa pela “idade dos equipamentos (20 anos)" e pela “utilização intensiva” que provoca “um notório desgaste nos equipamentos que importa corrigir”. "Acresce ainda a necessidade de modernizar o sistema destes equipamentos”, nota a empresa.
Helena Taborda, porta-voz do Metropolitano de Lisboa, avançou esta terça-feira à SIC que há “atos de vandalismo que não estão cobertos pelos contratos de manutenção”, mas também que o metro é uma empresa pública e que por isso tem a obrigação de seguir concursos públicos para realização de obras e requalificações.
Em 2020 ficou concluída a segunda de três fases contempladas no "plano de melhoria e modernização das acessibilidades da estação Baixa-Chiado", em que foram substituídos três lances de escadas por um equipamento novo, que também já teve várias avarias. O metro prevê que todas as estações tenham plena acessibilidade até 2025.
"Todos estes equipamentos mecânicos têm a sua adequada assistência técnica, sendo, contudo, equipamentos com uma utilização das mais intensas da rede do metropolitano e, por isso, sujeitos a desgaste e deterioração excessiva de componentes", esclarece uma fonte oficial do Metropolitano de Lisboa, citada pela Sábado.
A mesma fonte ainda referiu à revista que a "substituição tem sido penalizada nos termos das mais recentes alterações nas cadeias logísticas". Entre as razões dessas alterações estão a guerra na Ucrânia e a pandemia, que impediram os fornecedores de cumprirem o prazo de entrega das peças necessárias para o arranjo dos equipamentos.
Neste momento, nas 56 estações do metro há 234 escadas rolantes, sendo que 28 estão fora de serviço.
Num tweet desta segunda-feira, cuja fotografia circulou nas redes sociais também devido a uma publicação no Instagram da atriz Sofia Arruda, pode ler-se: “Dois idosos, cansados, a subir um dos lances de escadas da estação do Chiado por avaria das escadas rolantes. O retrato perfeito de um país estagnado. Deprimente”.
Várias são as respostas ao tweet, sendo que a maioria confirma as recorrentes avarias das escadas rolantes. Um utilizador da arede social explica que quando teve uma lesão no joelho tornou-se impossível fazer o percurso: "A alternativa era subir o elevador dos armazéns”.
15% dos elevadores estão fora de serviço
De acordo com o site do Metropolitano de Lisboa, de momento 16 elevadores estão fora de serviço. Pode ver o estado dos elevadores no topo do site, num bloco de informação que também faculta informação, em tempo real, do estado da circulação de comboios.
Até agora, a reabilitação de cinco das doze escadas da estação Baixa-Chiado teve um valor de 793.019,99 euros. Além das escadas, o Metropolitano de Lisboa quer modernizar os três elevadores, já no próximo ano.
Imagem da estação de metro Baixa-Chiado de Rita Ansone, originalmente publicada no jornal "Mensagem"
[Notícia atualizada às 16:01 e corrigida a 19/10: a estação Baixa-Chiado é a segunda mais profunda da rede do Metropolitano de Lisboa e não a primeira]
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