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“Os meus três filhos não sabem que eu estou aqui e assim. Não sabem”: uma ronda pelas noites de quem está só e sem casa nas ruas de Lisboa

A sombra de Daniel à porta da casa que não é sua
A sombra de Daniel à porta da casa que não é sua
José Fernandes

Daniel, Carla e Miro são exceções. Não precisam de muitas perguntas para falarem de tudo. Eles são três das centenas de pessoas em situação de sem-abrigo e, muitas delas, escondem problemas bem maiores do que morar na rua. O Expresso acompanhou uma noite de distribuição de ceias da Comunidade Vida e Paz, que regista um aumento de pedidos de ajuda para valores superiores aos pré-pandémicos: 420 para 500 refeições por ronda

A porta do número 30 está aberta. As escadas estreitas e íngremes estão forradas com um plástico que imita soalho de cortiça. À beira de cada degrau alguém colou uma tira antiderrapante. “Subam, que eu vou acender a luz.” É no final da subida, na porta à direita, que mora Daniel Correia, 46 anos. “Descobri há uns dias que isto aqui ainda tinha eletricidade”, diz enquanto liga a ficha de um candeeiro à tomada. A casa onde Daniel mora não é dele, não sabe de quem é. Uma noite, depois de várias a dormir nas ruas de Lisboa, encontrou aquela porta aberta e entrou. “Até agora nunca apareceu ninguém a chatear-me. Uma vez apareceram uns drogados, mas eu pu-los fora daqui que não quero cá nada disso.” Cheira a humidade, está frio e lá fora parou de chover há instantes.

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