Sociedade

Tribunal de Sintra justifica libertação e detenção imediata de Duarte Lima com "oportunidade policial"

Tribunal de Sintra justifica libertação e detenção imediata de Duarte Lima com "oportunidade policial"
ANTÓNIO COTRIM

Juiz presidente do Tribunal de Sintra explica que uma greve dos funcionários judiciais impediu que Duarte Lima fosse ouvido no mesmo dia em que foi detido pela PSP à saída da prisão da Carregueira e justificou a ação considerada “humilhante” pela defesa do ex-deputado com a “oportunidade policial”

Gabriela Feteira, juiz presidente do Tribunal de Sintra enviou ao Expresso uma explicação escrita sobre o que aconteceu na última quinta-feira, 29 de setembro, quando Duarte Lima foi detido para interrogatório à porta da prisão da Carregueira um minuto depois de ser libertado.

“A detenção do arguido resultou do cumprimento de um mandado de detenção, emitido jurisdicionalmente pelo juiz titular do processo, a fim de assegurar a presença imediata do arguido para realização de interrogatório judicial, com vista à decisão sobre a aplicação de medidas de coação, tendo em conta a comunicação recebida de que o arguido seria de imediato libertado à ordem do processo em que se encontrava preso.”

No entanto, a 12 de setembro, o desembargador Calheiros da Gama, que decidiu libertar Duarte Lima por entender que a pena de seis anos a que foi condenado no processo Homeland já tinha sido cumprida, perguntou ao Tribunal de Sintra se “interessa a sua prisão preventiva ou medida de coação de OPHVE (prisão domiciliária), caso eventualmente venha a ser libertado no âmbito do processo de que ora cumpre pena”. Na altura, o desembargador não teve resposta. O Expresso questionou a juiz presidente sobre a razão pela qual a Relação não foi informada do interesse do MP em agravar as medidas de coação, mas também não teve resposta.

No texto enviado ao Expresso, o Tribunal de Sintra explica ainda que Duarte Lima não foi interrogado no dia em que foi detido à porta da Carregueira “em consequência da adesão à greve dos funcionários do tribunal” de Sintra. E para o Tribunal de Sintra, “o momento e os termos do cumprimento dos mandados de detenção são alheios à função jurisdicional, dependendo da oportunidade policial”. Duarte Lima foi libertado e preso de seguida com as imagens a serem transmitidas em direto pela SIC e pela CMTV.

A situação foi classificada pela defesa de Duarte Lima como “uma humilhação” mas o advogado João Barroso Neto diz que “não” vai fazer nenhuma queixa sobre o que aconteceu. O Expresso questionou o Ministério da Justiça sobre se vai abrir algum inquérito mas não teve resposta. O diretor dos Serviços Prisionais, Abrunhosa Gonçalves, não respondeu às chamadas telefónicas.

Duarte Lima acabou por ser libertado na sexta-feira e aguardará em liberdade o julgamento pela morte de Rosalina Ribeiro, assassinada a tiro no Brasil, e está obrigado a apresentações semanais. Apesar de admitir perigo de fuga, a juíza teve em conta o estado de saúde do arguido para tomar a decisão de o libertar.

O início do julgamento está marcado para 23 de novembro mas as testemunhas brasileiras que terão de depor por videoconferência ainda não foram notificadas.

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