O presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho disse esta quinta-feira estar preocupado com a eventual redução das descargas de água de barragens espanholas das bacias dos rios Lima e Minho, como aconteceu com o Tejo e Douro.
À margem do lançamento da nova edição do programa de cooperação INTERREG Espaço Atlântico 2011-2027, em Viana do Castelo, sobre o acordo ibérico que prevê a redução das descargas de água de barragens espanholas da bacia do Douro e Tejo, Manoel Batista disse que aquela “solução” o preocupa, ainda mais se vier a ser aplicada nos principais rios do distrito de Viana do Castelo.
“Embora esta situação seja uma situação que, neste momento, tem uma dimensão mais no sul, sabemos que a questão da água é uma questão crucial para todos. Não é só uma questão portuguesa, é também uma questão espanhola. Preocupa-nos esta solução encontrada para o Tejo e o Douro e preocupa-nos porque também pode ser uma questão colocada nos rios Minho e Lima”, afirmou.
Manoel Batista, que é também presidente da Câmara de Melgaço, admitiu que se essa solução vier a resultar de um acordo ibérico, “os municípios pouco poderão fazer”, restando-lhes “pressionar e sensibilizar para que a atitude seja diferente”.
“Estamos atentos e esperamos realmente que, quer no Minho quer no Lima, esse tipo de acordos não venham a acontecer. É fundamental”, insistiu o autarca socialista.
Segundo Manoel Batista, “é também fundamental, que todos tenham a consciência de que a gestão da água terá de ser feita, cada vez mais, de forma cautelosa”.
“Seja a gestão feita pelos privados - e fizemos alertas com urgência durante este período de verão - mas também por parte de quem utiliza a água para outras finalidades que não o consumo humano. É preciso ter noção de que a água tem de ser bem utilizada, bem gerida para que, num dado momento, não entremos em situações de rutura”, destacou.
Para o líder da CIM do Alto Minho, “a questão energética está hoje, mais do que nunca, em cima da mesa, tem de ser muito bem trabalhada, sem carregar demasiado na [energia] hídrica, quando a hídrica não tem condições para fazer a produção necessária para compensar outras fontes de produção”.
Espanha não irá cumprir com caudais anuais nos rios Tejo e Douro
“É importante do ponto de vista energético que saibamos encontrar soluções de produção energética que não exijam este esforço tão grande da hídrica, como aconteceu durante este ano e num ano em que tínhamos tanta dificuldade na acumulação da água”, reforçou.
Na quarta-feira, os governos ibéricos confirmaram, num comunicado conjunto, que até sexta-feira, quando termina o atual ano hidrológico, Espanha “não irá cumprir com os caudais anuais nos rios Tejo e Douro, que se antecipa que fiquem em cerca de 90% dos valores estabelecidos na Convenção”.
Portugal e Espanha comprometeram-se a encontrar “soluções que minimizem os impactos” da seca, admitindo preocupação perante as previsões meteorológicas que obrigarão ao reforço da coordenação da gestão da água e da libertação de caudais.
“Ambas as partes, no quadro da Convenção de Albufeira, estão determinadas a analisar a situação e a procurar soluções que minimizem os impactos da escassez de água”, afirmaram os dois países numa declaração conjunta divulgada pelo Ministério do Ambiente e da Ação Climática.
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