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Barragens do interior português asseguram caudais de água no Douro que Espanha “não consegue”

Barragens do interior português asseguram caudais de água no Douro que Espanha “não consegue”
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Apesar da dependência de Espanha, as barragens do lado português, de Baixo Sabor e Foz Tua t,êm um papel fundamental na regulação dos caudais da via navegável do Douro

O presidente da Associação de Municípios do Douro Superior (AMDS) defendeu esta quarta-feira a importância das barragens do Baixo Sabor e de Foz Tua na regulação dos caudais da Via Navegável do Douro (VND), quando há dependência de Espanha.

"Mais uma vez, será este território do interior português que vai assegurar o que o Estado espanhol não consegue, que é a manutenção dos caudais do rio Douro, ao abrigo do Pacto de Albufeira. E vai resolver o problema com duas infraestruturas [barragens do Baixo Sabor e Foz Tua], que estão nesta região. É só para refletirmos”, vincou hoje o autarca social-democrata.

Espanha e Portugal acordaram reduzir esta semana as descargas de água de barragens espanholas da bacia do Douro, assumindo a impossibilidade de cumprimento dos caudais mínimos acordados.

O Ministério da Transição Ecológica e Desafio Demográfico espanhol (MITECO) disse hoje à Lusa que Espanha diminuiu "de comum acordo com Portugal" as descargas de água de barragens hidroelétricas para o caudal do rio Douro previstas para esta semana.

Segundo Nuno Gonçalves, as barragens do Baixo Sabor e Foz Tua revelaram-se de "extrema importância” para o setor hídrico nacional, ao permitir que todo curso português do rio Douro tenha os caudais regularizados.

“Quer a barragem do Baixo Sabor quer a de Foz Tua, pelas informações que disponho, são barragens que têm reservas de água para permitir manter o caudal do rio Douro, sem ser colocada em causa a navegabilidade, agricultura, fauna e flora e ambiente”, disse.

O também autarca de Torre de Moncorvo frisou ainda que “era bom que, às vezes, várias intuições, e mesmo o poder central, começassem a olhar para esta região, que é maior produtora em termos de eletricidade e de água" e acolhessem "algumas das reivindicações que são feitas”.

Governo espanhol tende a fazer "ouvidos moucos" às pretensões portuguesas

“Nós estamos sempre dependentes de decisões vinda de Espanha. O Governo espanhol tem tendência a fazer ouvidos moucos àquilo que são as pretensões portuguesas em prol das pretensões espanholas. Isto reflete no nosso Douro, porque não temos as nascentes, mas sim a foz”, vincou.

Espanha diminuiu "de comum acordo com Portugal" as descargas de água de barragens hidroelétricas para o caudal do rio Douro previstas para esta semana

Na sequência de uma reunião no sábado passado entre os governos dos dois países, foi tomada "de comum acordo" a decisão de "reduzir a descarga de água das barragens hidroelétricas durante esta última semana do ano hidrológico, perante a evidência de que já não se vai cumprir a 100 por cento o estipulado na Convenção de Albufeira", que rege a gestão e os caudais dos rios partilhados por Portugal e Espanha, segundo uma resposta a questões da agência Lusa da assessoria de imprensa do MITECO, que assim confirmou uma informação avançada pela agência de notícias espanhola EFE.

Até sexta-feira, 30 de setembro, quando termina o atual ano hidrológico, Espanha tinha previsto a descarga de 400 hectómetros de água na barragem de Almendra, no rio Tomes, entre Salamanca e Zamora, para cumprir a Convenção de Albufeira, sendo este um dos pontos em que a redução acordada terá mais impacto, a par da barragem de Ricobayo, no rio Esla, em Zamora.

Segundo a agência de notícias EFE, a necessidade de fazer esta descarga de 400 hectómetros cúbicos em Almendra, a quarta maior barragem espanhola em termos de capacidade, teria obrigado a uma obra de emergência, para uma captação flutuante de água, de forma a garantir o abastecimento de 48 povoações de Zamora.

Na segunda-feira da semana passada, cerca de três mil agricultores das províncias de León, Zamora e Salamanca manifestaram-se no centro da cidade de León para exigir a paragem da libertação de água para Portugal no âmbito do acordo de Albufeira.

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