Sociedade

Ensino superior: quase 50 mil estudantes já garantiram um lugar, uma “excelente notícia para o país”

O curso de Direito da Universidade de Lisboa é o que, todos os anos, recebe mais alunos
O curso de Direito da Universidade de Lisboa é o que, todos os anos, recebe mais alunos
TIAGO MIRANDA

Número de colocados sobe em relação ao ano passado e é o segundo mais alto desde 1989. Para a segunda fase sobraram pouco mais de cinco mil vagas

Há mais alunos a entrar em cursos superiores nas áreas das competências digitais, ciência dos dados e ciências e tecnologias do espaço (mais de 7300) e o número de caloiros em licenciaturas para professores do ensino básico também aumentou (subida de 14% face a 2021). As formações que têm deixado mais alunos de fora com notas acima dos 17 valores abriram mais vagas e receberam mais estudantes, tal como as instituições de ensino localizadas no interior.

Estas são algumas das notas positivas assinaladas pelo Ministério do Ensino Superior em relação à 1ª fase do concurso nacional de acesso. Que termina com menos candidatos do que no ano passado (61.507, ainda assim um dos valores mais altos dos últimos anos), mas o segundo número mais alto de colocados desde 1989: 49.806. Em 2021, tinham entrado nesta etapa 49.452 e em 2020 um recorde de quase 51 mil.

“É muito positivo percebermos que apesar da redução no número de estudantes no 12º ano (devido à diminuição da natalidade), há um aumento dos que estão a entrar no ensino superior. É uma excelente notícia para o país. Ainda mais sabendo que, atualmente, é fácil arranjar emprego. Os jovens percebem que é uma mais-valia para o seu futuro”, comenta António Sousa Pereira, presidente do Conselho dos Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e responsável máximo pela Universidade do Porto.

Os números do Ministério indicam ainda que 81% dos candidatos asseguraram já um lugar, que 84% entraram numa das suas três primeiras opções e que para a segunda fase do concurso sobraram por agora 5284 vagas.

Este é o número mais baixo dos últimos anos e que reflete um maior ajustamento entre a procura dos estudantes e a oferta das instituições de ensino superior. No conjunto dos 1103 cursos abertos por universidades e politécnicos públicos, 838 preencheram todas as vagas para já (no dia 22 de setembro são divulgados os números já acertados com os lugares de quem não se inscreve, por exemplo).

Um dos objetivos da política de fixação de vagas dos dois últimos governos tem sido a travagem da concentração de estudantes a estudar em Lisboa e Porto, dando a possibilidade de serem aberto mais lugares em instituições com menor pressão demográfica.

Os números mostram que as entradas em escolas do interior aumentaram 6%, com destaque para a subida de alunos colocados na Universidade da Beira Interior e na de Trás-os-Montes e Alto Douro e nos politécnicos de Castelo Branco e de Bragança.

Por curso, os dados indicam que, uma vez mais, Direito na Universidade de Lisboa é o que acolhe mais caloiros (esgota as suas 458 vagas), seguido de Direito em Coimbra (334).

A ajuda do PRR

As verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) também vieram ajudar a um aumento da oferta nas áreas de ciências, tecnologias, engenharia, artes e matemática (STEAM). Dos 22 novos cursos criados neste âmbito, ficaram colocados 520 estudantes e 16 destas licenciaturas preencheram todas as vagas, salienta a tutela.

Entre elas, estão os oito cursos da nova escola que o ISCTE abriu em Sintra e que esgotaram todas as vagas nesta fase (tal como aconteceu com a totalidade de cursos no seu campus em Lisboa, nota a instituição e também na Universidade Nova de Lisboa). Este é o “primeiro projeto integral do PRR a entrar em funcionamento no país”.

“Não podia ter começado de melhor forma este triplo desafio que o ISCTE colocou a si próprio ao lançar a nova escola de Sintra: levar o ensino superior ao concelho mais jovem do país; aproximar o ensino, a atividade económica e o tecido social da região; e atrair mais mulheres para as engenharias”, destaca a reitora do ISCTE, Maria de Lurdes Rodrigues, justificando o sucesso também com a opção de fornecer formações que cruzam tecnologia e ciências sociais.

Entre os outros 50 cursos já existentes mas também apoiados pelo PRR, nomeadamente com reforço de vagas, 37 tiveram taxas de ocupação de 100%.

O Ministério sublinha ainda o facto de terem sido colocados 381 estudantes através do contingente especial para estudantes com deficiência, um “aumento de 21% face ao ano anterior e o número mais elevado de sempre”.

A candidatura à 2ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior público decorre de 12 a 23 e os resultados serão conhecidos a 30 deste mês.

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