Finalmente estava tudo a correr bem. Faltava uma semana para a implantação do embrião. Com sorte, segurava-se ao útero, evoluía para gravidez e lá para novembro transformava-se no filho com que Anita e André sonham há cinco anos. O casal, do Norte do país — ele funcionário público, 42 anos, ela a trabalhar na área do turismo, com 37 —, até já tinha partilhado com a família e amigos a aventura iniciada de tentarem ter um filho fora da barriga, na Ucrânia. Nenhum deles sofre de infertilidade, mas o coração da futura mãe tem uma patologia que a impede de suportar o esforço de uma gravidez. O risco de morte é real e a gestação de substituição a única forma de aumentarem a família biológica.
Anita nem sequer pôde fazer estimulação hormonal. Foi preciso ir ao ritmo da natureza, esperar pelos ciclos mensais, pedir às alminhas que o seu corpo produzisse um óvulo viável. Foram quatro tentativas e outras tantas viagens a Kiev — e tristeza, desânimo, ansiedade — até ser possível avançar para a fertilização in vitro com o material biológico de ambos os pais. “Era agora. Já tínhamos a gestante, a inseminação estava marcada dali a dias, mas entretanto começou a guerra. Parou tudo, fechou tudo, e a incerteza de que alguma vez possamos recomeçar o processo mantém-se até hoje”, recorda André, com evidente frustração.
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