2 julho 2022 10:06

Prédio onde Jéssica terá sido espancada
Vizinhos não ouviram gritos da criança sequestrada no bairro de Setúbal. Mãe ainda pode vir a ser constituída arguida. Suspeitos têm passado de pequeno tráfico de droga
2 julho 2022 10:06
Poucos dias antes de morrer, Jéssica foi vista a brincar no pequeno beco empedrado debaixo dos estendais da roupa, junto a frigoríficos avariados e móveis partidos. Os vizinhos estranharam ver ali aquela criança que não conheciam, mas nunca lhe viram marcas de violência. “Perguntei à Tita quem era aquela menina e ela disse que tomava conta dela porque a mãe não podia por estar em tratamentos médicos”, conta ‘Joana’ que vive no mesmo prédio decrépito de dois andares, num bairro de Setúbal. Esta terá sido uma das muitas mentiras contada por Tita (Ana Cristina), a mulher de 50 anos detida na semana passada juntamente com o marido e com a filha pela Polícia Judiciária, por suspeitas de sequestro, tortura e homicídio da criança de três anos.
Em frente ao 1º andar esquerdo onde vivia Tita, nas escadas íngremes de madeira com as paredes de tinta descascada, uma bola de praia com uma sereia e um golfinho mostra a passagem de crianças pela casa: Jéssica partilhava as brincadeiras com a neta da mulher desempregada. O silêncio daquelas crianças, que “raramente saíam à rua”, fazia “confusão” aos vizinhos. “Perguntei à Tita por que razão a neta dela e a outra menina nunca faziam barulho. Nem gritos nem risos, nada. Ela justificava que eram obedientes”, conta Maria José, vizinha da frente de 80 anos que pagava €5 a Tita para esta a acompanhar às sessões de fisioterapia. A resposta não a convenceu.