Governo sem planos para o antigo Tribunal da Boa Hora
Velho edifício no centro de Lisboa está a deteriorar-se há 13 anos e já há um manifesto para o transformar no museu do judiciário e num espaço cultural. Ministério da Justiça diz que "tudo fará para que a solução encontrada respeite a história do edifício e sua ligação à Justiça"
O advogado João Miguel Barros, antigo chefe de gabinete da ministra Paula Teixeira da Cruz, está a liderar uma campanha para tentar reabrir as portas do antigo Tribunal da Boa Hora, um antigo convento que está abandonado e trancado desde que o mundo judicial que ali vivia se transferiu para o Campus da Justiça, no Parque das Nações.
Há um manifesto na internet que já foi assinado por figuras como Laborinho Lúcio ou Carlos Alexandre, passando por Pinto Monteiro, Cunha Rodrigues e Souto Moura e outras figuras quer do mundo judicial, quer do meio artístico. "É raro haver um consenso destes no meio judicial", alegra-se o advogado que propõe para o local a criação de um museu do judiciário e de um espaço cultural, algo que não conseguiu quando estava no Governo. "Eu saí e mais ninguém fez nada". A então ministra da Justiça e ex-deputada do PSD não assina o documento.
Contactado pelo Expresso, o Ministério da Justiça lembra que se trata de "um imóvel da titularidade do Estado, não integrando o património privativo afeto ao Ministério da Justiça, e não sendo juridicamente possível a transferência da sua titularidade para outro Ministério, pelo que qualquer destino que se pretenda dar ao mesmo imóvel terá, necessariamente, de ser encontrado em articulação com o Ministério das Finanças". E admite que "foi anteriormente equacionada a instalação no mesmo imóvel do Museu Judiciário, juntamente com o Conselho Superior da Magistratura", e agora "tudo fará para que a solução encontrada respeite a história do edifício e sua ligação à Justiça".
O Expresso pediu autorização ao Ministério para visitar o espaço onde funcionava o tribunal - que está fechado - mas não teve autorização. João Miguel Barros, que também é fotografo, é o autor das imagens que ilustram este artigo. "É um buraco negro no centro da cidade de Lisboa e em processo de degradação continuada. Trata-se de um atentado ao património e mais um exemplo de má gestão da coisa pública", critica o manifesto, que é assinado também por dois ex-jornalistas do Expresso, o antigo diretor Henrique Monteiro e o antigo editor João Garcia.