João Rendeiro foi encontrado morto na cela na prisão de Westville na África do Sul. A informação foi confirmada pela sua advogada ao Expresso.
"Ele enforcou-se", revelou June Marks, que defende o ex-banqueiro no processo de extradição. Ainda não foi possível apurar se João Rendeiro deixou algum bilhete na cela. "Não sei", acrescentou a advogada sul-africana.
Uma fonte judicial revela ao Expresso que as autoridades sul africanas já avisaram “informalmente”a Justiça portuguesa de que Rendeiro morreu e que tudo aponta para suicídio.
Os serviços prisionais daquele estabelecimento prisional vão agora avançar com um inquérito interno para apurar as circunstâncias da morte do português que tinha 69 anos.
A defesa de Rendeiro alegou em janeiro, numa carta enviada para a ONU, que o ex-banqueiro era alvo de extorsão por parte de reclusos na cadeia de Westville, sendo um dos argumentos para a sua libertação. E garantia que o português dividia a cela com mais 50 reclusos, alegando que a sua detenção era uma “questão de vida ou de morte”. “A idade e a saúde de nosso cliente, juntamente com as condições horrendas, são uma bomba-relógio", argumentava na carta June Marks.
João Rendeiro encontrava-se em prisão preventiva desde dezembro do ano passado e aguardava pelo processo de extradição, que seria discutido entre nos dias 13 e 30 de junho no tribunal de Verulam, com uma sessão prévia de preparação em 20 de maio com a defesa e a NPA (National Prosecuting Authority – o Ministério Público sul-africano).
Detido em 11 de dezembro do ano passado na cidade sul-africana de Durban após quase três meses fugido à justiça portuguesa, João Rendeiro foi presente ao juiz Rajesh Parshotam, do tribunal de Verulam, que lhe decretou no dia 17 de dezembro a medida de coação mais gravosa, colocando-o em prisão preventiva no estabelecimento prisional de Westville.
O ex-banqueiro foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros. Das três condenações, apenas uma já transitou em julgado e não admite mais recursos, tendo João Rendeiro de cumprir uma pena de prisão efetiva de cinco anos e oito meses.
João Rendeiro foi ainda condenado a 10 anos de prisão num segundo processo e a mais três anos e seis meses num terceiro processo, sendo que estas duas sentenças ainda não transitaram em julgado. O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.
[em atualização]
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: HFranco@expresso.impresa.pt