Durante 14 dias, uma caravana formada por ativistas pelo clima, associações e organizações vai percorrer a pé e de comboio mais de 400 quilómetros em território português para chamar a atenção para a crise climática e perceber as necessidades das populações locais, procurando "soluções reais" para os seus problemas.
"Pessoas de todas as idades vão juntar-se com o intuito de olhar para os problemas da crise climática e as suas consequências em Portugal, procurando soluções reais e dialogando com as comunidades que estão na linha da frente da luta contra as alterações climáticas", afirmou esta terça-feira, em conferência de imprensa, Nina van Dijk, ativista do Climáximo, uma das organizações que estão a promover a iniciativa. Outro dos objetivos da Caravana pela Justiça Climática, que vai percorrer vários pontos do país entre 2 e 16 de abril, é "denunciar as infraestruturas mais poluidoras do nosso país".
Do debate à denúncia de infraestruturas "problemáticas"
Ao longo do percurso, que começa na praia da Leirosa, na Figueira da Foz, e termina em Lisboa, vão ser feitas paragens em zonas consideradas "problemáticas" em termos de emissão de gases poluentes, explicou também a organização na conferência de imprensa. Em algumas dessas zonas estão instaladas infraestruturas como centrais termoelétricas e indústrias que "são um problema", estando prevista a realização de debates e assembleias junto dessas estruturas.
"Estaremos nesses locais para conversar com os participantes sobre a transição climática e as atividades económicas que melhor se adequam às realidades locais. O debate faz-se nos sítios onde estão os problemas", explicou a organização, acrescentando que estão também previstas conversas, as chamadas "cirandas", sobre temas propostos pelas organizações locais que participam na caravana. "Vamos discutir formas de criar locais agradáveis para as populações, promovendo o conceito de autossuficiência e a produção e consumo locais". Com a "aproximação à população", pretende-se perceber "quais são os seus problemas, como avaliam as condições em que vivem e que perspetivas têm para o futuro".
Caravana vai parar em mais de 30 localidades
Estão previstas paragens em locais como Montemor-o-Velho, Coimbra, Pedrógão Grande, Sertã, Vila Velha de Ródão, Pego, Vale de Santarém, Cartaxo e Alhandra, num total de mais de 30 localidades do país. As deslocações entre locais serão feitas a pé ou de comboio. As inscrições para a caravana podem ser feitas no site da iniciativa, explicou João Camargo, ativista do Climáximo, adiantando que estão inscritas, até ao momento, 95 pessoas, sendo "muitas delas habitantes dos locais por onde a caravana vai passar".
A expectativa é que, chegando a Lisboa, que é a última paragem do percurso, "mais pessoas se juntem à caravana" e participem na manifestação marcada para 16 de abril no Parque das Nações. Também as mais de 30 organizações e associações que se juntaram à iniciativa, subscrevendo o manifesto disponível no site do evento, são "muitas delas" locais, incluindo associações de moradores e de encarregados de educação, explicou João Camargo, acrescentando que será dado apoio a nível local à caravana, tanto em termos de alimentação como alojamento.
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