Julgamento dos hammerskins: três arguidos furaram o silêncio e querem falar
O guarda prisional João Vaz, um suspeito de homicídio tentado e um outro acusado por discriminação vão prestar declarações. A larga maioria dos 27 acusados vai ficar calada
O guarda prisional João Vaz, um suspeito de homicídio tentado e um outro acusado por discriminação vão prestar declarações. A larga maioria dos 27 acusados vai ficar calada
Bruno Monteiro, impecável num fato azul, deu o mote: “Não vou prestar declarações”. O último presidente dos Hammerskins Portugal, que se apresentou como consultor imobiliário, foi o primeiro arguido a ser inquirido pelo juiz Noé Bettencourt e ditou a tendência.
Quase todos os 27 acusados de crimes que vão de discriminação racial a homicídio qualificado na forma tentada, vão remeter-se ao silêncio durante o julgamento que decorrer no Campus de Justiça, em Lisboa. Com algumas exceções: três.
João Vaz, o guarda prisional acusado de agredir gravemente três militantes do PCP e posse de arma proibida, foi o primeiro a quebrar a regra: quer falar e será o primeiro a ser interrogado na sessão desta quarta-feira. Alexandre Silva, acusado de esfaquear e agredir um rapaz negro na estrada de Benfica como forma de subir na hierarquia hammerskin, também declarou que quer falar. O último a dizer ao juiz que irá prestar declarações é Pedro Guilherme, suspeito de discriminação. “Tenho todo o interesse em falar”, garantiu.
Por sua vez, Nuno Cerejeira, um dos líderes dos hammerskin, apenas disse que puseram “palavras” na sua “boca” que não tinha dissera às assistentes sociais que fizeram o relatório social. Cerejeira já fora condenado no processo da morte de Alcindo Monteiro, há mais de vinte anos. Está desempregado, é pai de três gémeos, e apareceu em tribunal com uma máscara anti-covid com as iniciais H. S. (hammerskins).
Entre 2013 e 2016, este grupo de hammerskins liderado por Bruno Monteiro, que sucedeu a Mário Machado como número um do chapter português, espalhou o terror por Lisboa até ser desmantelado pela PJ, que deteve grande parte dos seus membros e apreendeu material de propaganda nazi, bem como armas de fogo, armas brancas, munições e soqueiras.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt