O líder do partido alemão de extrema-direita AfD Jörg Meuthen anunciou esta sexta-feira a saída do cargo, alegando um conflito com a ala radical do partido, que considera ter-se distanciado da “ordem liberal e democrática”.
O movimento mais extremo do Alternativa para a Alemanha (AfD), particularmente poderoso na antiga República Democrática Alemã (RDA), está a afastar-se “das bases da ordem fundamental liberal e democrática”, explicou Meuthen, em declarações à televisão pública alemã ARD.
Com 60 anos, Meuthen – que assume, desde 2015, a função de porta-voz federal do partido e é eurodeputado – já tinha anunciado, em 2021, que não iria candidatar-se a um novo mandato para o cargo de líder do partido eurofóbico e islamofóbico.
“O coração do partido bate hoje demasiado à direita”, lamentou, denunciando que “cheira a totalitarismo” dentro do partido fundado em 2013.
A franja mais radical do AfD, apelidada de “A ala” e muito próxima dos neonazis, já estava há quase dois anos a tentar afastar Meuthen, por considerá-lo demasiado moderado.
O partido tem vindo a demonstrar cada vez mais proximidade com o outro líder do AfD, Tino Chrupalla, que está mais próximo da corrente radical.
Jörg Meuthen, economista de formação, critica esse movimento por, entre outras questões, se opor sistematicamente às medidas sanitárias, o que, segundo afirmou, muito contribuiu para a erosão eleitoral do partido.
O AfD, que tinha feito uma entrada surpreendente no parlamento alemão (Bundestag) em 2017, conquistando 12% dos votos, caiu ligeiramente na última votação, em 26 de setembro, para cerca de 10%. No entanto, o partido continua a manter-se à frente nas intenções de voto das regiões da antiga RDA.
Apesar da sua saída da liderança do AfD, Meuthen pretende continuar a ser deputado do grupo de extrema-direita Identidade e Democracia.
Meuthen é o último de uma longa lista de líderes deste partido alemão a bater a porta por causa da tendência extremista do movimento.
Criado como uma formação anti-euro, o AfD é hoje um partido nacionalista e anti-sistema, estando constantemente envolvido em conflitos internos ligados ao rumo político a seguir.
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