Administração do Hospital São João demite-se após incêndio que provocou um morto e quatro feridos
Viatura do Batalhão de Sapadores bombeiros do Porto estacionada junto ao Hospital de São João, durante a intervenção no incêndio que deflagrou no 9º piso do Hospital, no Serviço de Pneumologia
RUI MANUEL FARINHA / LUSA
Fernando Araújo, presidente do Conselho de Administração do Hospital de São João, falou aos jornalistas na tarde desta segunda-feira. O Conselho de Administração garante permanecer em funções até decisão da ministra da saúde, Marta Temido
O Conselho de Administração do Hospital de S. João pediu a demissão na sequência do incêndio que deflagrou na tarde deste domingo, no serviço de Pneumologia, e que vitimou uma pessoa e provocou quatro feridos graves.
Num comunicado, o presidente do Conselho de Administração (CA) do Hospital de São João, Fernando Araújo, disse, na tarde desta segunda-feira, que "apesar de as causas do incêndio estarem a ser apuradas, nomeadamente através de um processo de averiguações interno, um processo de inquérito da IGAS e de um inquérito da Policia Judiciária, e a avaliação inicial excluir falha infraestrutural da instituição, existe um sentido ético no exercício das responsabilidades públicas que não devemos esquecer".
O Conselho de Administração do CHUSJ garante permanecer em funções até decisão da Ministra da Saúde, Marta Temido, que já lamentou a morte e os feridos graves.
Na tarde de domingo, um incêndio deflagrou no piso 9 no serviço de Pneumologia deste hospital do Porto. Logo que foi dado o alerta, foi ativado o plano de incêndio e de emergência, mas já não foi possível evitar uma vítima mortal e quatro feridos graves. Dois deles chegaram mesmo a estar em paragem cardiorrespiratória; três estavam internados no serviço ao lado, também afetado pelas chamas.
Na sequência do auxílio prestado aos doentes, alguns profissionais tiveram de ser assistidos no serviço de urgência, em parte devido à inalação de fumo. Todos tiveram alta durante a noite, informou o CHUSJ.
Encontra-se ainda por esclarecer a causa do incêndio, mas sabe-se que a origem estará relacionada com a proximidade de uma chama a uma fonte de oxigénio.
Segundo apurou o Expresso, a Polícia Judiciária, a investigar o caso, procura esclarecer se se tratou de ato negligente ou intencional por parte do doente investigado, um homem com doença oncológica terminal que se encontra em estado grave na sequência deste incêndio. A vítima mortal encontrava-se no mesmo quarto, ao lado.
“Existe a possibilidade deste senhor ter ateado o fogo com chama direta com um isqueiro às roupas da cama”, disse fonte da PJ ao Expresso, na manhã desta segunda-feira.
Leia o comunicado na íntegra
No dia de ontem deflagrou um incêndio de elevada complexidade no Serviço de Pneumologia (piso 9) do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), tendo motivado, lamentavelmente, uma vítima mortal e quatro feridos que se encontram em estado grave.
Na sequência da resposta imediata assegurada pela equipa hospitalar, vários profissionais necessitaram receber cuidados e apoio psicológico no serviço de urgência, tendo todos tido alta durante a noite. Apresentamos as mais sentidas condolências à família do doente falecido. Lamentamos aos feridos e suas famílias o ocorrido.
Estamos solidários com os profissionais afetados, que agiram em defesa dos doentes. O hospital prestou, durante todo o processo, informação e apoio psicológico aos doentes e às suas famílias. O plano de incêndio do hospital e o plano de emergência interno foram prontamente ativados, possibilitando a evacuação de emergência, bem como o combate ao incêndio pelas equipas internas e as corporações de bombeiros.
De realçar a forma profissional e altruísta como os profissionais reagiram, bem como as corporações de bombeiros pela eficácia no combate a um incêndio difícil e numa área sensível do hospital.
Apesar das causas do incêndio estarem a ser apuradas, nomeadamente através de um processo de averiguações interno, um processo de inquérito da IGAS e de um inquérito da Policia Judiciária, com quem estamos ativamente a cooperar, e a avaliação inicial excluir falha infraestrutural da instituição, existe um sentido ético no exercício das responsabilidades públicas que não deve ser esquecido, facto pelo qual o Conselho de Administração do CHUSJ apresentou à Sra. Ministra da Saúde o pedido de demissão. O Conselho de Administração do CHUSJ permanecerá em funções até à decisão da Sra. Ministra da Saúde.