Sociedade

Caso EDP: Manuel Pinho foi detido após interrogatório

Ministério Público indiciou Manuel Pinho por práticas que podem configurar seis crimes
Ministério Público indiciou Manuel Pinho por práticas que podem configurar seis crimes
José Sena Goulão / Lusa

O advogado Ricardo Sá Fernandes mostra-se indignado com a detenção do ex-governante. "Para mim é um dia triste para a Justiça portuguesa", declarou esta terça-feira o advogado de Manuel Pinho

Caso EDP: Manuel Pinho foi detido após interrogatório

Hugo Franco

Jornalista

Caso EDP: Manuel Pinho foi detido após interrogatório

Miguel Prado

Editor de Economia

O antigo ministro da Economia Manuel Pinho foi detido esta terça-feira após interrogatório no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), pelos crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais, no âmbito do caso EDP.

Há ainda um mandado de detenção para Alexandra Pinho, a mulher do ex-ministro.

Manuel e Alexandra Pinho vão ser ainda ouvidos esta terça-feira pelo juiz Carlos Alexandre, no Tribunal Central de Instrução Criminal.

Em declarações aos jornalistas, Ricardo Sá Fernandes, advogado de Pinho, considera que se trata de um "abuso de poder" e que Manuel Pinho sempre se apresentou às autoridades. "Aqui ninguém foge, nem há motivos para se suspeitar que foge. É por isso que lamento profundamente este ato, que é um ato que consubstancia abuso de poder. O Ministério Público não pode escolher os juízes que servem os seus melhores propósitos. Já vi coisas que achava que nunca iria ver e esta é um das coisas que julgava que não ia ver."

"Para mim é um dia triste para a Justiça portuguesa", declarou Sá Fernandes.

Horas depois, Ricardo Sá Fernandes acrescentou que a detenção de Pinho era uma questão de matéria processual porque mudou o juiz de instrução, que é agora Carlos Alexandre. "Não há matéria nova. A indiciação que foi apresentada hoje [pelo MP] é a mesma que foi apresentada noutros dias. Manuel Pinho não acrescentou mais nada do que já havia dito."

O advogado revelou que o interrogatório do juiz de instrução a Alexandra Pinho, que vai decorrer esta tarde no Tribunal Central de Instrução Criminal, de deverá ser longo, uma vez que esta nunca prestou qualquer declaração no processo. E voltou a criticar o MP. "O MP escolheu este momento para a detenção de Manuel Pinho porque mudou o juiz de instrução." Anteriormente era Ivo Rosa, que ficou em exclusividade em três processos, e agora é Carlos Alexandre.

E acrescentou que "a única preocupação" de Manuel Pinho é a sua mulher, "que não tem nada a ver com os factos que lhe são imputados".

Em novembro, à agência Lusa, Sá Fernandes tinha dito que este interrogatório se devia ao facto de terem sido acrescentados ao processo 622 factos novos, pelo que foi pedido um prazo pela defesa de Manuel Pinho para analisar uma extensa lista de novos documentos.

"Fomos confrontados logo que chegámos com esta indiciação complementar muito extensa e em função da extensão do documento, um documento com cento e muitas páginas, com mais de 600 factos novos, remissão para dezenas ou centenas de documentos a que se reporta esta nova indiciação, tomámos a decisão de pedir prazo para nos pronunciarmos sobre isto", acrescentou.

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