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O mundo está a protestar mais: internet e jovens são motores da contestação, mas “não basta criar um evento no Facebook”

Manifestação a favor do combate das alterações climáticas concentrou-se em frente da catedral de Helsínquia no passado dia 15 de março
Manifestação a favor do combate das alterações climáticas concentrou-se em frente da catedral de Helsínquia no passado dia 15 de março
HEIKKI SAUKKOMAA/GETTY

Estudo contabilizou através de notícias mais de 2800 protestos em todo o planeta. Manifestações devem-se sobretudo a falhanços de representação democrática e desigualdades económicas, mas os direitos sociais e a justiça climática têm ganho espaço. Papel das redes sociais e do espaço virtual como meio de organização de protestos tem sido crucial nos últimos anos, dizem especialistas: afinal, a internet ainda pode ser vista como “uma ferramenta de democratização das sociedades”. Os movimentos de jovens e estudantes também estão a ganhar peso

O número de manifestações com visibilidade na comunicação social triplicou em todo o mundo nos últimos 15 anos, apurou um estudo publicado este mês pela editora alemã Springer, que contabilizou 2809 destes eventos entre 2006 e 2020. Os investigadores - das organizações não governamentais Initiative for Policy Dialogue e Oxfam International e ainda da fundação alemã Friedrich Ebert - concluíram que os protestos são sobretudo um luxo dos países de altos e médios rendimentos, que contabilizaram 87,1% do número total deste tipo de eventos.

É na Europa e na Ásia Central que se verificam a maior parte das manifestações noticiadas: 806. No Médio Oriente e no Norte de África, por exemplo, registam-se apenas 208 destes eventos em 15 anos - aliás, trata-se da única região do mundo que não viu os protestos aumentar entre 2016 e 2020, uma tendência que é praticamente transversal, sobretudo na segunda década deste século.

“Quanto mais desenvolvido é um país, mais meios os seus cidadãos têm para protestar e mais abertura existe do sistema para que isso aconteça”, explica Tiago Carvalho, investigador de movimentos sociais e participação política no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), em Lisboa. E aqui a distinção entre democracias e não democracias é crucial: “Em regimes autoritários, protestar é algo muito difícil de fazer: certas reivindicações têm de ser feitas através de ações mais violentas e disruptivas”, sublinha.

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