Mário Machado sai em liberdade e faz a saudação nazi
PJ investiga Mário Machado por crimes relacionados com a disseminação de ódio racial nas redes sociais. Machado fez a saudação nazi à saída do tribunal
PJ investiga Mário Machado por crimes relacionados com a disseminação de ódio racial nas redes sociais. Machado fez a saudação nazi à saída do tribunal
Jornalista
Mário Machado vai sair em liberdade e fica sujeito a apresentações periódicas às autoridades. O neonazi tinha sido detido na terça-feira em sua casa pela Unidade Nacional de Contra-Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária, por suspeitas de disseminar o ódio racial e incentivar a violência nas redes sociais.
Nos últimos dias, foi interrogado por um juiz de instrução no Juízo de Instrução Criminal, em Lisboa, e passou as últimas noites na prisão anexa às instalações da Polícia Judiciária.
À saída do tribunal, Mário Machado declarou aos jornalistas que se trata de "uma derrota para a democracia". "O Ministério Público manteve-me preso durante três dias e queria que ficasse preso durante oito anos por alegadamente ter escrito um texto na Internet. Continuo a ser um preso político."
Afirmou ainda que não estão reunidas as condições para continuar a vida política ativa no seio nacionalista. "A partir de hoje vou-me retirar, vou deixar de ter redes sociais, porque o Estado português assim o quer. E não estou para abdicar de 8 anos da minha liberdade."
Sobre as suspeitas de ter incentivado ao ódio racial nas redes sociais alega que escreveu um texto sobre um homicídio de um adolescente no Algarve e que esse "assassino deveria ser entregue às autoridades".
No final das declarações gritou "viva a vitória" e fez a saudação nazi.
Os inspetores da PJ encontraram na sua casa na terça-feira um revólver ilegal, sendo apanhado em flagrante delito e por isso acabou por ser detido por posse de arma proibida.
José Manuel Castro, que é advogado de Mário Machado em diversos processos, entre eles o 'Hells Angels', afirmou na terça-feira que a detenção está relacionada com uma publicação já antiga nas redes sociais, em que Mário Machado apelava à detenção de um homicida num crime ocorrido numa discoteca algarvia. "Curiosamente, ele não fez qualquer menção nessa publicação à etnia ou cor da pele do alegado homicida", garante o advogado.
Mário Machado já tem um longo cadastro por crimes de discriminação racial, ofensa à integridade física ou posse de arma ilegal. Em julho de 2007, foi condenado a sete meses de prisão por posse ilegal de arma, e três meses de prisão por posse de arma proibida, com pena suspensa. Em outubro do ano seguinte foi condenado a quatro anos e dez meses de prisão efetiva por alguns desses crimes. Já em 2009, foi condenado em sete anos e dois meses de prisão por crimes de sequestro, roubo e coação
Em 2012, o Tribunal Criminal de Loures fixou em dez anos o cúmulo jurídico das penas de prisão aplicadas ao skinhead.
Já a cumprir pena de prisão em Alcoentre, foi acusado e mais tarde condenado a tentativa de extorsão agravada, a partir da cadeia, tendo em 2016 o tribunal condenando Mário Machado a mais dois anos e nove meses de prisão.
Desde que foi libertado, em maio de 2017, Mário Machado foi preso na Suécia e impedido de participar numa manifestação de extrema-direita, organizou um chapter em Portugal do grupo de motards Los Bandidos, envolveu-se num conflito com o grupo rival Hells Angels e organizou um encontro em Lisboa com partidos neonazis e nacionalistas de toda a Europa. Esteve em liberdade condicional até 21 de novembro de 2020.
Um dos casos mais mediáticos a envolver este neonazi foi o do homicídio de Alcindo Monteiro, em 11 de junho de 1995, no Bairro Alto, e da agressão na mesma noite de seis pessoas por parte de um grupo de skinheads do qual fazia parte. Dois anos depois foi condenado a uma pena de quatro anos e três meses de prisão por envolvimento na morte do cidadão português nascido em Cabo Verde.
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