Operação Miríade: prisão preventiva para dois dos arguidos suspeitos de tráfico de diamantes

Medidas de coação aplicadas pelo tribunal foram conhecidas esta quarta-feira. Outros quatro arguidos foram suspensos de funções
Dois dos 11 arguidos alegadamente envolvidos num esquema de tráfico de diamantes, ouro e droga em missões da ONU na República Centro-Africana vão ficar em prisão preventiva. A informação sobre as medidas de coação aplicadas na sequência da Operação Miríade, da PJ, foi confirmada pelo Conselho Superior da Magistratura.
Os dois suspeitos em preventiva são Paulo Nazaré, alegado líder desta rede, e o seu braço direito, Wilker Rodrigues.
Quatro arguidos ficam suspensos do exercício da profissão, oito proibidos de contactar os outros arguidos e de se ausentar do país e nove ficam ainda obrigados a apresentações periódicas às autoridades.
Em causa está uma investigação a uma rede criminosa com ligações internacionais que "se dedica a obter proveitos ilícitos através de contrabando de diamantes e ouro, tráfico de estupefacientes, contrafação e passagem de moeda falsa, acessos ilegítimos e burlas informáticas", aponta o inquérito dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa e que levou a PJ a executar, esta segunda-feira, 100 mandados de busca. Estas diligências resultaram em 11 detenções, que incluem militares, um advogado, um agente da PSP e um guarda da GNR.
Dos 11 arguidos, apenas cinco decidiram prestar declarações. Segundo a RTP, é expectável que durante o dia de hoje o Conselho Superior da Magistratura divulgue a que arguidos foram aplicadas estas medidas.
O caso foi denunciado pela primeira vez em dezembro de 2019, tendo o Ministério da Defesa alertado a ONU sobre a situação em janeiro deste ano. O Presidente da República não foi avisado da investigação.
Os crimes imputados ao ex-comando Paulo Nazaré, líder desta rede de tráfico de diamantes, ouro e droga desmantelada esta segunda-feira pela PJ na Operação Miríade, são vastos. Desde que regressou da sua missão na República Centro-Africana (RCA), em 2017, envolveu-se na contrafação e utilização fraudulenta de cartões de débito/crédito, contrafação e passagem de moeda falsa, tráfico de droga, contrabando de diamantes e ouro, phishing, transferências e pagamentos fictícios, transações de bitcoins, acessos ilegítimos e burlas informáticas, tendo por objetivo o branqueamento de capitais.
O caso envolve ainda mais 60 pessoas e 40 empresas que serviam para branquear o dinheiro do negócio internacional, que começava na RCA, passava por Portugal e terminava em Antuérpia, na Bélgica, com a venda dos diamantes.
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