Neonazi Mário Machado detido pela PJ e tinha em casa uma arma de fogo ilegal
A detenção vem no seguimento de uma investigação da PJ de crimes relacionados com a disseminação de ódio racial nas redes sociais
A detenção vem no seguimento de uma investigação da PJ de crimes relacionados com a disseminação de ódio racial nas redes sociais
Jornalista
O antigo líder do movimento Nova Ordem Social (NOS), Mário Machado, foi detido esta terça-feira de manhã em casa pela Polícia Judiciária, no seguimento de uma investigação de crimes relacionados com a disseminação de ódio racial e incitamento à violência, que não permitem a detenção. Mas uma fonte ligada ao processo diz ao Expresso que os inspetores da Unidade Nacional de Contra-Terrorismo (UNCT) da PJ encontraram na sua casa um revólver ilegal, sendo apanhado em flagrante delito e por isso acabou por ser detido por posse de arma proibida.
José Manuel Castro, que é advogado de Mário Machado em diversos processos, entre eles o 'Hells Angels', disse que o ex-líder do NOS foi levado para o estabelecimento prisional anexo à PJ. Ao Expresso, José Manuel Castro afirmou que a detenção está relacionada com uma publicação já antiga nas redes sociais, em que Mário Machado apelava à detenção de um homicida num crime ocorrido numa discoteca algarvia. "Curiosamente, ele não fez qualquer menção nessa publicação à etnia ou cor da pele do alegado homicida", garante o advogado.
O advogado acrescenta que Mário Machado será ouvido nas próximas 48 horas por um juiz de instrução criminal, que irá determinar as medidas de coação a aplicar ao arguido. "AInda não há uma hora definida para essa inquirição."
O antigo líder da Frente Nacional e do movimento Hammerskin foi detido em casa, em Santo António dos Cavaleiros, no concelho de Loures, cerca das 07h00.
Mário Machado já tem um longo cadastro por crimes de discriminação racial, ofensa à integridade física ou posse de arma ilegal. Em julho de 2007, foi condenado a sete meses de prisão por posse ilegal de arma, e três meses de prisão por posse de arma proibida, com pena suspensa. Em outubro do ano seguinte foi condenado a quatro anos e dez meses de prisão efetiva por alguns desses crimes. Já em 2009, foi condenado em sete anos e dois meses de prisão por crimes de sequestro, roubo e coação
Em 2012, o Tribunal Criminal de Loures fixou em dez anos o cúmulo jurídico das penas de prisão aplicadas ao skinhead.
Já a cumprir pena de prisão em Alcoentre, foi acusado e mais tarde condenado a tentativa de extorsão agravada, a partir da cadeia, tendo em 2016 o tribunal condenando Mário Machado a mais dois anos e nove meses de prisão.
Desde que foi libertado, em maio de 2017, Mário Machado foi preso na Suécia e impedido de participar numa manifestação de extrema-direita, organizou um chapter em Portugal do grupo de motards Los Bandidos, envolveu-se num conflito com o grupo rival Hells Angels e organizou um encontro em Lisboa com partidos neonazis e nacionalistas de toda a Europa. Esteve em liberdade condicional até 21 de novembro de 2020.
Um dos casos mais mediáticos a envolver este neonazi foi o do homicídio de Alcino Monteiro, em 11 de junho de 1995, no Bairro Alto e da agressão na mesma noite de seis pessoas por parte de um grupo de skinheads do qual fazia parte. Dois anos depois foi condenado a uma pena de quatro anos e três meses de prisão por envolvimento na morte do cidadão português nascido em Cabo Verde.
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