Sociedade

Tráfico de diamantes nas forças armadas. GNR anuncia detenção de militar em formação

A GNR anunciou que a PJ deteve um "guarda-provisório" em formação na operação que desmantelou rede de tráfico de diamantes entre militares na República Centro-Africana

Tráfico de diamantes nas forças armadas. GNR anuncia detenção de militar em formação

Hugo Franco

Jornalista

Tráfico de diamantes nas forças armadas. GNR anuncia detenção de militar em formação

Hélder Gomes

Jornalista

A GNR anunciou que a Polícia Judiciária deteve um "guarda-provisório" em formação, desde junho de 2021, no 44.º Curso de Formação de Guardas em Portalegre, que ingressou na formação proveniente das Forças Armadas. "A Guarda mostra total disponibilidade para colaborar com a Polícia Judiciária, na investigação em curso", diz a GNR em comunicado.

Esta detenção foi realizada no âmbito da megaoperação da PJ, a "Operação Míriade", que está a ser realizada esta segunda-feira em várias instituições militares, entre elas no Regimento de Comandos, na Carregueira (Sintra), por suspeitas de tráfico de diamantes e ouro em missões militares noutros países, como na República Centro-Africana.

É a maior operação da Polícia Judiciária deste ano. "A ação desenvolveu-se na região de Lisboa, Funchal, Bragança, Porto de Mós, Entroncamento, Setúbal, Beja e Faro, contando com a participação de cerca de trezentos e vinte inspetores e peritos da Polícia Judiciária", refere esta polícia.

A PJ esclarece que entre as cem buscas, noventa e cinco são domiciliárias e cinco não domiciliárias.

Há também dez mandados de detenção emitidos pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.

"Está em investigação uma rede criminosa, com ligações internacionais, que se dedica a obter proveitos ilícitos através de contrabando de diamantes e ouro, tráfico de estupefacientes, contrafação e passagem de moeda falsa, acessos ilegítimos e burlas informáticas, tendo por objetivo o branqueamento de capitais", acrescenta a PJ.

Os militares terão usado aviões militares das missões humanitárias da ONU para traficar diamantes e ouro. São os chamados "diamantes de sangue", traficados de um país em conflito armado. Também haverá tráfico de droga envolvido.

Os suspeitos aproveitaram o facto de os aviões militares não estarem sujeitos a controlo alfandegário, aproveitando depois para vender os diamantes e o ouro no norte da Europa, nomeadamente em Antuérpia, na Bélgica.

O esquema envolve o branqueamento de capitais através da compra de bitcoins, a criptomoeda descentralizada, sendo um dinheiro eletrónico para transações ponto a ponto, sem controlo financeiro.

Depois do caso do roubo das armas de guerra de Tancos este é um novo escândalo que envolve militares portugueses.

Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, em reação à operação da Polícia Judiciária garantiu que esta não afeta a imagem internacional do país. "Se as autoridades judiciais entendem que há indícios que exigem investigações, essas investigações devem ser feitas. Vigora o princípio da separação de poderes, portanto, não tenho nada a dizer sobre investigações judiciais em curso", declarou aos jornalistas à margem de uma conferência em Coimbra.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: HFranco@expresso.impresa.pt

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