Mais de metade dos chefes de equipa dos serviços de urgência do Hospital de Braga demitiu-se esta segunda-feira. A notícia foi adiantada por vários meios de comunicação e confirmada ao Expresso por fonte hospitalar.
Dos 16 chefes de equipa de diferentes especialidades que trabalham nas urgências do hospital, demitiram-se “cerca de metade”, sublinha a mesma fonte, explicando não ter informação sobre se foram “nove ou dez”. As demissões deram-se por “questões remuneratórias”.
Em comunicado publicado no seu site, o Sindicato Independente dos Médicos indica que os referidos chefes de equipa apresentaram a demissão para “exigir melhores condições de assistência e evitar o colapso do serviço de urgência”. “O número insuficiente de médicos, o crescente recurso a empresas de prestação de serviços e o aumento do afluxo exigem uma resposta do Ministério da Saúde”, refere o sindicato, dizendo-se solidário para com os chefes de equipa.
“Não adianta o Ministério da Saúde proclamar que tudo está bem, que há muito mais meios; a realidade prevalece em relação à propaganda”, aponta ainda a estrutura, segundo a qual “é fundamental atrair profissionais, não apenas através da correta remuneração, mas também oferecendo condições de trabalho e de progressão, e diferenciação profissional”.
Ao Expresso, Jorge Roque da Cunha, presidente do sindicato, refere que o “grande problema” — “além da falta de investimento e da incapacidade de recrutar profissionais, com um recurso cada vez maior a empresas” — é o Ministério da Saúde “não reconhecer que há um problema”. “Dizer que foram investidos milhões no SNS não corresponde à realidade”, diz o responsável, defendendo que sejam apresentadas “soluções” e criadas “alternativas”. “Não adianta dizer que se investe no SNS quando se permite que os seus profissionais saiam”, aponta, sublinhando que “não é possível pedir mais trabalho aos médicos. “Em 2021, os médicos e enfermeiros do SNS já fizeram 8,2 milhões de horas extra. No hospital de Braga, foram entre 400 a 500 horas extraordinárias.”
O hospital garante que o serviço de urgência “mantém o normal funcionamento”, uma vez que os chefes de equipa em causa apenas apresentaram a sua demissão dos cargos de gestão que desempenhavam. O conselho de administração do hospital está em “diálogo muito próximo” com os clínicos para que seja possível chegar “a um consenso em breve”.
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