Entre janeiro de 2020 e maio de 2021, num momento ou noutro da pandemia, durante mais ou menos tempo e em função dos picos de contágio que foram atingindo cada país, todos os governos se sentiram forçados a encerrar as suas escolas. Totalmente ou de forma parcial, em todos ou só nalguns níveis de ensino. Portugal não foi exceção, mas distinguiu-se da média da OCDE num aspeto.
A divisão de Educação desta organização fez as contas ao número de dias em que as escolas estiveram encerradas naquele período, chegando à conclusão de que, nos diferentes níveis de ensino, as escolas em Portugal fecharam mais dias do que a média na OCDE. Aconteceu no pré-escolar, nos três ciclos do ensino básico e apenas no secundário a situação foi diferente.
Os números constam do relatório “O Estado Global da Educação – 18 meses em pandemia”, que acaba de ser divulgado por esta organização e que contém dados relativos a mais de 30 países membros e parceiros.
Excluindo feriados, fins de semana e férias, os jardins de infância em Portugal, frequentados pelas crianças dos três aos cinco anos, estiveram de portas fechadas um total de 69 dias entre 1 de janeiro de 2020 e 20 de maio de 2021 (44 dias no primeiro ano de pandemia e 25 no segundo).
A média da OCDE para estes estabelecimentos foi de 55 (44 dias em 2020 e 11 em 2021), o que equivale em média a 28% do total de dias de atividade que este nível de educação oferece num ano escolar normal.
Mas houve vários países, sobretudo este ano, que optaram por não fechar na totalidade, como os nórdicos, Espanha ou Irlanda só para dar alguns exemplos. Segundo consta no relatório da OCDE, cinco nunca fecharam as suas estruturas de pré-escolar em 2020 e em 2021 já foram 16.
O facto de serem anos fundamentais para o desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças e de ser mais difícil, ou impossível mesmo, pôr em prática estratégias de educação online levaram a que este fosse o nível de ensino menos afetados pelos confinamentos.
No caso do ensino primário (a designação usada pela OCDE abrange do 1.º ao 6.º ano em Portugal), as escolas em Portugal fecharam um total de 87 dias contra uma média de 78 na OCDE. No 3.º ciclo do básico os números já se aproximaram mais: 97 em Portugal e 92 em média nos países da organização.
Apenas no ensino secundário a relação se inverte, com as escolas portuguesas a fecharem menos dias (92) do que aconteceu em média na OCDE (101). Para se ter uma ideia da dimensão deste encerramento, este número equivale a mais de metade do total de dias de ensino num ano normal.
O relatório salienta, no entanto, a preocupação que os governos tiveram em garantir que os alunos, sobretudo os que tinham menos condições, mantinham a ligação à escola e aos seus professores. No caso português, incluiu a distribuição de computadores, tablets e internet, bem como o reforço de recursos nas escolas para o regresso às aulas presenciais e a recuperação das aprendizagens.
A dimensão dos investimentos também variou de país para país. No relatório da OCDE refere-se, por exemplo, que o Plano de Recuperação das Aprendizagens permitiu às escolas em Portugal reforçar o seu corpo docente em 3300 novos professores. Em Espanha, recrutaram-se “mais 30 mil”.
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