Criados de raiz pelo Estado Novo, tiveram a sua última grande reunião nacional a 23 de julho de 1942. Em protesto contra a crise provocada pela Segunda Guerra Mundial e em rutura com o titular da pasta das Corporações, recorreram a Salazar, a quem entregaram uma longa exposição com críticas severas. O movimento viria a ser absorvido pelo regime
om o início da Segunda Guerra Mundial, em setembro de 1939, e apesar do não envolvimento de Portugal, as consequências no plano económico não demoraram a fazer-se sentir. Ou seja, a rarefação e suspensão da venda de muitos produtos, o aumento generalizado dos preços, o açambarcamento, a especulação, o racionamento de alguns bens de consumo essenciais... Logo em outubro de 1939, Salazar definira num discurso os princípios orientadores da política económica, apontando para a “máxima normalidade da produção e do comércio”, a par da “máxima estabilidade possível para os preços e custos de produção”. A começar, entre estes últimos, pelos salários.
Após quatro anos à frente da área das Corporações, em agosto de 1940, o subsecretário de Estado, Manuel Rebelo de Andrade, dera o lugar a Joaquim Trigo de Negreiros. No mês seguinte, na tradicional sessão comemorativa da aprovação do Estatuto do Trabalho Nacional, o novo responsável lembrou o “benefício inestimável da paz”. Num discurso dirigido aos sindicatos, sublinhou que o dever de cada trabalhador era o de “aumentar o rendimento do trabalho, de forma a garantir o pão da sua mesa e o futuro dos seus lares”, pedindo-se a cada um que fosse “perfeito e útil dentro da sua profissão e obediente e disciplinado dentro do seu escritório ou oficina”. Era um tempo, como assinalou a investigadora Fátima Patriarca [em “A Questão Social no Salazarismo (1930-1947)”], “de ‘produzir e poupar’, não propriamente de reivindicar melhorias sociais e menos ainda de aumentar salários”.
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